Jornal Correio Braziliense

Politica

Estilo de roupa de Dilma se reflete nos ministérios comandados por mulheres

Nenhuma mulher com trânsito no poder é obrigada a ser uma Michelle Obama, primeira-dama dos Estados Unidos, com seu corpo e braços sarados, ou uma Carla Bruni, primeira-dama francesa, com a languidez própria das ex-modelos, capazes de estar sempre bem vestidas ou até serem disputadas por estilistas para aparecer em público com as últimas criações. Obviamente, o figurino é só um detalhe quando a eficiência é o que conta na mulher que assume posição de destaque nos altos escalões da política. Caso da presidente Dilma Rousseff, primeira mulher a assumir o comando do país.

Em seus compromissos, seja no gabinete presidencial ou em eventos públicos, porém, Dilma tem aparecido frequentemente ; mais até, diariamente ; com indefectíveis tailleurs, terninhos e blazers, com mangas três-quartos, quase sempre debruados em cores contrastantes à predominante no traje. Essas peças do vestuário feminino são práticas, discretas e dificilmente fazem feio, a recordar o traje da posse, criado pela gaúcha Luisa Stadtlander. Embora não tenha sido unanimidade, era alinhadíssimo e de muito bom gosto, do tom off-white, da textura ao corte. É verdade que não havia nada de inovador, como disse na época o estilista Waldemar Iodice, dono da Iodice e vice-presidente da Associação Brasileira dos Estilistas (Abest). ;Acho que ela se sentiu insegura em usar uma roupa de designer. Ela poderia ter nos procurado, faríamos algo inovador e adequado;, afirmou o profissional, dias depois da solenidade.

A estilista Gloria Coelho também comentou: ;As grifes que se propuserem a desenhar para Dilma devem investir em peças universais. Tailleurs, calças e vestido são boas opções;. Então, onde está o problema? Em lugar algum ou, melhor, em quase todos os gabinetes comandados por mulheres na Esplanada dos Ministérios. Se as ministras foram escolhidas por se espelharem no estilo Dilma de governar, muitas delas, parece, decidiram também que o estilo Dilma de se vestir é o mais apropriado. São raras as que escapam.

Integram a lista que seguem a opção tailleur/blazer as titulares de ministérios com maior visibilidade, como as de Relações Institucionais, Ideli Salvatti; do Planejamento, Miriam Belchior, e da Casa Civil, Glesi Hoffmann; e as titulares de Direitos Humanos, Maria do Rosário; e a de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes. Eventualmente, elas até mudam o figurino, mas a base é a mesma, especialmente nos eventos oficiais.

Por sua vez, as ministras da Cultura, Ana de Hollanda; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello; do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros, eventualmente usam o ;uniforme; oficial em solenidades mais formais. Mas nem nas próprias posses elas fugiram ao seu estilo. Ana e Luiza até usam seus blazers, porém, uma de forma mais despojada e a outra com sobreposições de lenços. Tereza varia muito: vestidos, camisas, listras, enquanto Izabella surge invariavelmente com seus camisões.

Líderes mundiais

Mas Dilma não está sozinha entre as mais poderosas. Importantes líderes mundiais, como Michelle Bachelet, presidente do Chile; Angela Merkel, chanceler alemã; e a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, adotam o tailleur no dia a dia e nos compromissos públicos. Todas também adeptas da manga três-quartos, ao gosto da presidente brasileira.


Sinônimo de poder

O clássico conjunto de saia e casaco surgiu em 1916 pelas mãos da estilista francesa Coco Chanel, que tinha sempre como referência o guarda-roupa masculino, sem deixar de lado a praticidade e o conforto. Talvez por isso mesmo, ficou caracterizado no mundo político, em todas as instâncias, e no universo privado, onde as mulheres também passaram a ocupar espaço de destaque, que tailleur é sinônimo de poder.