O primeiro Sete de Setembro de Dilma Rousseff no comando da República reuniu 34 dos 38 ministros ao lado da presidente na cerimônia militar. Dilma fez questão da presença dos ministros no evento, apesar de o feriado ter caído no meio da semana. O alto quórum no palanque das autoridades serviu para demonstrar força da petista sobre a equipe da Esplanada. E até mesmo titulares de pastas que ainda balançam por causa de denúncias de corrupção ; como o ministro do Turismo, Pedro Novais ; engrossaram a lista das autoridades que formaram para a foto oficial ao lado de Dilma.
Se o palanque das autoridades dava a impressão de que houve uma convocação da Esplanada dos Ministérios, o Congresso ficou sub-representado. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), era o único parlamentar presente a acompanhar o desfile da tribuna oficial, ao lado da presidente. A ausência do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), foi questionada por fontes governistas. Apenas os peemedebistas titulares dos ministérios compareceram à festa da Independência. O vice-presidente Michel Temer não compareceu ao desfile. Ele passou o feriado com a família no Rio Grande do Norte.
O Supremo Tribunal Federal (STF) foi representado pelos ministros Cármen Lúcia, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, que fez questão de negar qualquer descompasso institucional entre Executivo e Judiciário por conta da proposta do governo de não incluir aumento salarial do Judiciário no Orçamento de 2012. ;Naquela ocasião (quando o STF cobrou a inclusão do reajuste no Orçamento de 2012), buscamos preservar as instituições e tornar prevalecente a Constituição Federal;, disse Marco Aurélio.
Militares
O desfile de ontem foi também o primeiro grande evento militar de Celso Amorim à frente da Defesa. O ministro foi um dos primeiros a chegar ao palanque. Tomou o lugar na primeira fila, onde ficaria ao lado da presidente, e recebeu cumprimentos de comandantes militares. Apesar dos acenos de cordialidade que a presidente e as Forças trocaram durante o desfile, o clima entre o governo e os militares na tribuna oficial foi protocolar.
O passado de Dilma como militante perseguida pelo governo militar foi lembrado por aliados que consideraram um ;marco histórico; o momento em que a presidente disse ;eu autorizo; e cumpriu o protocolo que abre o desfile. A falta de entrosamento demonstrada na tribuna foi compensada por gestos de reverência da governante e dos militares. Os representantes das Forças elogiaram a pontualidade da presidente, que chegou antes do horário estipulado pelo cerimonial, o que foi interpretado como valorização de Dilma pelo ritual. As Forças Armadas, as policiais e o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal prepararam uma espécie de homenagem para a presidente. Tropas desfilaram dirigidas por oficiais do sexo feminino. A cada novo pelotão que passava em frente ao palanque, a presidente se levantava para saudar o grupo. A presidente chegou a se emocionar com a passagem de um pracinha da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que lhe fez continência.
Colaboraram Diego Abreu e Júnia Gama
Crianças na festa
As crianças roubaram a cena no desfile de Sete de Setembro. Prestes a completar um ano, o neto da presidente Dilma Rousseff, Gabriel, deixou mais leve o clima da cerimônia. No colo da mãe, Paula Rousseff, ele batia palmas, mexia os pezinhos e interagia com o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e o ministro da Defesa, Celso Amorim, admirando suas barbas. Quando enfim Dilma o pegou no colo, Gabriel tentou arrancar o bordado do brasão na faixa presidencial e pulava no colo da avó, que para cumprir o protocolo o devolveu para Paula. O talento jornalístico do filho do ministro das Comunicações Paulo Bernardo com a ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann também chamou a atenção entre as ;crianças do poder;. O garoto, de seis anos, atuou como um cinegrafista profissional, registrando todos os momentos dos desfile, das principais atrações militares e desportivas aos cumprimentos formais da presidente Dilma.
4 Ministros não apareceram no desfile na Esplanada: Carlos Lupi (Trabalho), Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Guido Mantega (Fazenda) e Luiz Inácio Adams (Advocacia-Geral da União)