A proibição de formar chapas majoritárias com o PPS, PSDB e DEM, aprovada no 4; Congresso do PT, no último fim de semana, recebeu críticas, mas também foi interpretada como um recado político à presidenta Dilma Rousseff entre os presidentes das três legendas de oposição.
Para o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), os integrantes do PT mandaram um recado para a presidenta Dilma Rousseff. ;Eu acho que eles quiseram, com isso, constranger a presidente Dilma, que dava todos os sinais de aproximação com Fernando Henrique Cardoso, com o [o governador de São Paulo Geraldo] Alckmin, com o PSDB;, avaliou Agripino.
Na opinião de Agripino, o PT está questionando o poder de liderança da presidenta. ;Eles fizeram isso com ela presente para dizer ;você aqui não é líder;. Foi um recado;, completou o presidente do DEM.
Já no PPS, que, por anos, foi aliado PT, tendo inclusive participado do início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão causou irritação. O presidente do partido, deputado Roberto Freire (SP), lembrou que as duas agremiações ainda têm coligações pontuais em alguns municípios. ;É um sinal de arrogância equivocado do PT. Em alguns municípios, temos alianças que combatem velhos coronéis oligárquicos e até grileiros;, disse Freire.
Ele também considerou que o PT deverá se explicar para a sociedade sobre porque está mudando de lado. ;Se o PT prefere fazer alianças com eles [coronéis e grileiros] e não conosco, eles que se expliquem. O PPS não faz nenhuma opção por essas forças que o PT está fazendo;, concluiu o deputado.
O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que não entendeu a decisão do PT. ;É uma decisão esquizofrênica;, declarou. ;Por que tanta conversa para tomar uma decisão? Por que pode a coligação na [eleição] proporcional [para vereadores e deputados] e não pode na majoritária [prefeitos, governadores, senadores e presidente]?;, perguntou.
Guerra ressaltou ainda que o PSDB não tem intenção de fazer coligação com o partido da presidenta da República. ;Nós queremos é combatê-lo;, disse. O presidente do PSDB não soube informar se existe alguma coligação entre os dois partidos em municípios.
Já o líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu seu partido e disse que não há mudanças na postura do partido. ;Eu acho que a nova política de alianças é um fato adiante na formulação do nosso partido. Primeiro, porque já estamos governando o país há nove anos e estamos praticando uma política de alianças no governo. É natural que essa política de alianças se reproduza no Parlamento e no processo eleitoral;, avaliou.
Para Vaccarezza, o partido foi coerente com seu posicionamento ideológico e com as alianças que têm firmado para dar sustentação ao governo da presidenta Dilma. ;Porque se você faz uma aliança para governar, é porque você pode fazer uma aliança para ganhar o governo. A política anterior do PT, que já era ampla, falava de uma aliança de centro-esquerda, com prioridade para os partidos de esquerda. Hoje, nós falamos de uma política de centro-esquerda que envolve todos os partidos da base de sustentação do governo da presidenta Dilma;, esclareceu.
Nesse fim de semana, 1.350 delegados do PT, que representam todos os filiados do partido, reuniram-se em Brasília, para deliberar sobre a reforma estatutária e divulgar uma resolução política. Junto com as mudanças no estatuto, eles incluíram o dispositivo que proíbe aos diretórios de todo o país que façam coligações com os três partidos de oposição nas eleições majoritárias.