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Ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres concentra viagens ao ES

Há oito meses como ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes escolheu um destino certo nas viagens oficiais: o Espírito Santo, a sua base eleitoral. Pré-candidata do PT à prefeitura de Vitória, a mineira de Lavras, mas com uma atuação política de mais de duas décadas entre os capixabas, realizou 18 viagens com dinheiro público para o estado, segundo agenda oficial da pasta e dados do Portal da Transparência. Somente em diárias a União desembolsou R$ 16,9 mil para todas as 42 viagens realizadas nos oito meses de mandato. Em comparação com o ministro da Educação, Fernando Haddad, também pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Iriny supera em gastos e em viagens. O petista recebeu R$ 11,7 mil e esteve sete vezes na capital paulista. A ministra não visitou a Região Norte, por exemplo, que concentra estatísticas de violência contra a mulher.

A viagem mais recente dela ocorreu na última segunda-feira. Iriny esteve em Vitória, onde encontrou-se com gerentes da Petrobras e com os governadores Renato Casagrande (ES) e Sérgio Cabral (RJ). Os dois estados produtores de petróleo travam uma batalha pelos royalties do pré-sal. O assunto não faz parte do Plano Nacional de Políticas para Mulheres, que guia a atuação da pasta.

Os compromissos oficiais no estado são marcados, na maior parte, às sextas, aos sábados e às segundas-feiras. A análise da agenda da ministra mostra compromissos de articulação política. Foram cinco reuniões com o governador Renato Casagrande (PSB) e duas com o prefeito de Vitória, João Coser (PT), presidente da Frente Nacional de Prefeitos. O apoio de Casagrande e Coser é fundamental para a disputa eleitoral do próximo ano. No estado, a posição do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) ainda gera dúvidas sobre o cenário.

;Iriny é nossa pré-candidata. Já é consenso;, afirma o presidente do PT no Espírito Santo, José Roberto Dudé, amenizando as divergências entre a ministra e o ex-governador. Iriny, segundo Dudé, tem aproveitado os fins de semana para alavancar a pré-campanha. Além de reuniões partidárias, tem marcado presença em eventos com movimentos sociais e culturais, especialmente aqueles com sambistas. ;Ela tem priorizado os fins de semana, porque como ministra tem a tarefa de rodar o Brasil todo. O compromisso que ela assumiu com a presidente Dilma foi de se fazer presente no Espírito Santo aos sábados e domingos quando não está atuando como ministra, e sim como liderança partidária;, conclui Dudé.

O ministério garantiu projeção nacional à deputada federal com três mandatos no estado. A bandeira da petista sempre foram os direitos humanos e, no cargo, tentou ganhar o apoio das feministas. Porém, a chegada de Iriny ao ministério foi polêmica. Logo que assumiu o cargo, ela, segundo servidoras da secretaria, afirmou que não pretendia ficar muito tempo na pasta porque tinha planos de se candidatar.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny retorna para casa às sextas-feiras porque tem direito a deslocamento à cidade de origem. O transporte pode ser feito por aviões do Comando da Aeronáutica ou em voos comerciais.


Embarque
Entre os valores recebidos por Iriny, constam R$ 95 referentes ao período entre 21 e 24 de janeiro de 2011. No entanto, não há registro de agenda oficial na sexta, no sábado, no domingo ou na segunda. Iriny embarcou às 15h04 de sexta-feira. Segundo a Secretaria de Políticas para Mulheres, os R$ 95 recebidos pela ministra são referentes ao adicional de embarque e de desembarque que as autoridades têm direitos. Iriny afirmou que suspendeu o recebimento do benefício em viagens ao estado e agora usa o próprio carro.


Atuação
Relatora da Lei Maria da Penha, a ministra tem focado a atuação da pasta para a economia e a representatividade política da mulher. O assassinato de mulheres cresceu 30% na última década. No ano passado, foram 4,5 mil mortes por questões de gênero. A pasta não tem mecanismos de controle nem banco de dados sobre violência contra o sexo feminino. O aumento no número de estupros em todo o país também não despertou a reação da Secretaria de Políticas para Mulheres.