Em reuniões fechadas feitas ontem com três pré-candidatos do PT à Prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou, de fato, a pavimentar o caminho do ministro da Educação, Fernando Haddad, à corrida eleitoral do ano que vem. Além do ministro, Lula chamou os deputados federais Carlos Zaratini e Jilmar Tatto, e a senadora Marta Suplicy para dizer, em encontros separados, que o seu candidato é Haddad.
Diretamente, o ex-presidente não pediu a nenhum deles que desistisse da pré-candidatura. Mas deixou claro que uma prévia vai desgastar a imagem do PT, exporá divergências internas do partido, além de criar problema na costura de alianças em torno do nome do ministro.
Nos encontros com os petistas, ocorrido no Instituto Cidadania, Lula disse que Haddad é o nome mais forte do partido e tem apoio da presidente Dilma Rousseff. Lula acredita que as chances dele aumentam ainda mais porque, em sua avaliação, José Serra (PSDB) não deverá concorrer ao pleito, pois sua imagem estaria desgastada junto aos paulistanos por ter deixado o cargo em 2006 para concorrer à Presidência da República.
Tatto disse que, em nenhum momento, Lula pediu que ele não se candidatasse às prévias do partido. Mas, segundo o parlamentar, o ex-presidente deixou claro que Haddad é o seu nome preferido. ;O Lula defendeu a formação de um arco de alianças que fortaleça o palanque eletrônico da sigla em 2012;, ressaltou. Tatto não respondeu quando foi perguntando se ele manterá a pré-candidatura, contrariando o presidente, como deverá fazer o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Uma prévia, na avaliação de Lula, dificultaria as alianças. Segundo ele, no lugar de perder tempo com disputas internas, o ideal é ;correr; para cortejar, além das legendas tradicionais que sempre caminharam de mãos dadas com o PT paulista, como o PCdoB, o PDT, o PSB e o PR, o próprio PMDB, a exemplo da coalizão que elegeu Dilma Rousseff para a Presidência.
Nos encontros, apesar de Lula deixar claro que o seu candidato é Haddad, ele não se opôs abertamente às prévias. Dizia apenas que é ;perda de tempo;. ;Em determinado momento, ele (Lula) reconheceu a hipótese de realização de prévias. (...) O que importa é que o Lula vai entrar de cabeça para o PT retomar a cidade de São Paulo;, frisou Tatto.
Na conversa com o deputado Carlos Zaratini, Lula teria dito que os dois deputados não têm ;estofo; para penetrar na classe média paulista e que Marta Suplicy tem um índice altíssimo de rejeição. O ex-presidente teria nas mãos uma pesquisa de opinião feita recentemente dando conta de que o nome de Haddad tem mais apelo junto a essa camada da população.
No páreo
Apesar de já ser dada como certa a desistência de Marta Suplicy da pré-candidatura, a petista saiu da reunião dizendo que ainda está no páreo. A ela, no encontro, Lula disse que vai precisar de Marta no Congresso para consolidar o seu projeto para São Paulo, que envolve o nome de Haddad. Para amigos próximos, Marta disse que ia desistir oficialmente ontem, mas saiu do encontro com Lula negando e se dizendo pré-candidata. ;Nunca pensei em desistir. Vou continuar participando dos debates e vou faltar em um ou outro se não tiver jeito;, declarou.
Já o ministro Fernando Haddad disse ontem que não conta, neste momento, com a desistência de Marta. Haddad afirmou ainda que Lula está animado com o debate em torno das eleições municipais paulistanas e admite a possibilidade de a disputa para indicação do nome petista ser definida por meio de prévias. ;Ele reconhece a possibilidade;, disse Haddad, ao deixar a sede do Instituto Lula, na capital paulista. ;São cinco postulantes e (a situação) caminha para isso.;
Eduardo Suplicy ficou de fora
Pela terceira eleição consecutiva, o senador Eduardo Suplicy (PT) foi colocado de escanteio no ano que antecede a eleição em São Paulo. Apesar de ser pré-candidato à prefeitura paulistana, ele não foi convidado para a reunião que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem com os demais pré-candidatos, incluindo o ministro da Educação, Fernando Haddad, e a senadora Marta Suplicy. O senador não consegue um encontro privado com Lula desde que ele mesmo se candidatou a uma prévia nas eleições presidenciais de 2006, quando se disse tão ;capaz; quanto o ex-presidente de concorrer ao Palácio do Planalto.