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PR decide repensar independência e reinicia flerte com o Planalto

Depois de anunciar que estaria fora da base aliada, o PR reiniciou ontem um novo flerte com o Palácio do Planalto. Chamadas para uma conversa com a ministra Ideli Salvatti, de Relações Institucionais, lideranças da legenda na Câmara adotaram um discurso bem mais amigável e prometem iniciar uma rodada de negociações para acalmar os ânimos dentro do partido. O deputado Luciano Castro (PR-RR) trabalhará como conciliador e diz que dará início às conversas, apesar de adiantar que pregar a reconciliação será uma missão difícil. ;Eu disse que essa história é como um casal que se separa. Se eles insistem em fazer as pazes antes de cicatrizar as feridas, tudo vai dar errado novamente. Mas vou fazer o meu papel e tentar melhorar as relações;, conta.

Apesar do discurso de que convencer seus pares a reverem a revolta com o Executivo é uma missão difícil, Castro disse que não deixará o cargo de vice-líder do governo na Câmara e negou qualquer vinculação entre o abandono à base e sua permanência na função. ;A indicação do meu nome para a liderança não foi do partido, foi um convite pessoal da presidente;, argumentou. Para o parlamentar, sair da vice-liderança seria uma descortesia com a presidente Dilma Rousseff.

As sinalizações de que a saída da base pode ter sido apenas um teatro da legenda, que não tem interesse de se distanciar do poder, vieram de todos os lados. O líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), afirmou que o encontro foi uma sinalização de reconhecimento da importância que o partido tem para o governo. Até o senador Alfredo Nascimento (AM), que foi afastado do Ministério dos Transportes, admitiu para parlamentares que, apesar de magoado, entendia o gesto da ministra como uma sinalização de boa vontade. ;Ela disse que nós sempre fomos companheiros de primeira hora, que sempre confiou no partido, que estamos há muitos anos juntos nesse projeto político e que não seria um bom momento para a gente deixar a base. Recebemos esse gesto com simpatia e muita honra, pois vemos que o partido tem importância para o governo;, disse o líder.
[SAIBAMAIS]
Na conversa com a ministra, os integrantes do partido informaram à ministra que, apesar da boa vontade de alguns para ;reintegrar; a base, seria preciso longas conversas com integrantes da legenda. Tudo porque a decisão de romper se consolidou após conversas com todos os deputados, senadores e a executiva nacional. Assim, para voltar atrás, precisariam de uma nova rodada de negociações, o que levaria tempo. ;Não temos como sair da base numa semana e voltar na outra. Vamos levar o assunto para o partido, será o mesmo procedimento utilizado na decisão de independência;, destacou Portela.