Integrantes do esquema investigado pela Polícia Federal na Operação Voucher atuaram em outros convênios de entidades não governamentais com o governo federal, que somam R$ 48 milhões. As prisões foram feitas, inclusive, pelo temor das autoridades de que novos empenhos fossem feitos para entidades ligadas às fraudes ; estimadas em R$ 4 milhões ; ou que novos contratos fossem firmados.
[SAIBAMAIS];A proximidade da realização de importantes eventos esportivos no Brasil (a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016) sinaliza o indício de investimentos maciços do governo federal em infraestrutura e capacitação profissional, notadamente no segmento do turismo;, destaca a decisão judicial que levou 36 pessoas para a prisão, incluindo a cúpula do Ministério do Turismo. ;Sabe-se que parte desses recursos públicos investidos passará pelo Ministério do Turismo, exatamente onde a organização finca as suas raízes, razão a mais, portanto para extirpá-la;, completa o juiz Anselmo Gonçalves da Silva.
Preso pela PF, Dalmo Antônio Tavares de Queiroz é empresário e também diretor de projetos da Fundação Universa, em Brasília. A entidade mantém dois contratos com o Ministério do Turismo, no valor global de R$ 29,1 milhões. Em um desses convênios, foram chamados a Sinc Recursos Humanos, a Portátil Serviços de Comunicação e a Barbalho Reis Comunicação. Todas com sede no DF e envolvidas no esquema desbaratado pela PF. Hugo Leonardo Silva Gomes, um dos donos da Sinc, está preso em Macapá. Já a Barbalho está em nome do próprio Dalmo, autor do convite. A Sinc foi vencedora do contrato com a Universa.
A fundação mantém ainda três convênios com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. A pasta informou que os contratos foram firmados em 2009, após seleção pública, e que ainda encontram-se dentro do prazo de execução pré-estabelecidos. Em nota, a Universa informou que não tem relação com as irregularidades no Turismo.
A Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), do ex-prefeito de Ferreira Gomes (AP) Wladimir Silva, foi contratada para elaborar diagnóstico dos profissionais que formam a rede turística do Amapá. Pelos mesmos motivos, a Conectur recebeu R$ 2,5 milhões do Ministério do Turismo em um convênio assinado em abril de 2009. Ninguém da Conectur foi encontrado para comentar os negócios.
O Ministério do Turismo solicitou à Controladoria-Geral da União (CGU) que apure irregularidades nos convênios. Os repasses para entidades não governamentais estão suspensos na pasta.