Deflagrada em setembro do ano passado, a última grande operação da Polícia Federal (PF) com alvo em políticos e administradores públicos, apelidada de Mãos Limpas, prendeu o então governador do Amapá e naquela época candidato a reeleição, Pedro Paulo Dias (PP), e o ex-governador Waldez Góes (PDT) ; ambos já soltos. Eles são apontados como cabeças de um esquema de desvio de recursos da União que eram repassados à Secretaria de Educação do Estado do Amapá.
[SAIBAMAIS] Com o aprofundamento das investigações, a PF verificou que o mesmo esquema se repetia em outros órgãos públicos, como o Tribunal de Contas do Estado do Amapá; a Assembleia Legislativa; a Prefeitura de Macapá; as secretarias de Estado de Justiça e Segurança Pública, de Saúde, de Inclusão e Mobilização Social; de Desporto e Lazer e no Instituto de Administração Penitenciária.
No inquérito, a PF estima que a quadrilha desviou em pouco mais de um ano cerca de R$ 300 milhões, de um total de R$ 800 milhões enviados pela União ao Amapá de 2009 a 2010. Um dos contratos suspeitos firmado pela Secretaria estadual de Educação com uma empresa de segurança e vigilância privada, por exemplo, garantiu, por três anos, em caráter emergencial, o repasse mensal superior a R$ 2,5 milhões. Parte do dinheiro retornava e com evidências de que parte do valor retornava, sob forma de propina, aos envolvidos.
Na primeira etapa da operação Mãos Limpas, cerca de 600 policiais federais foram mobilizados para cumprir 18 mandados de prisão temporária, 87 mandados de condução coercitiva e 94 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça. Funcionários da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União também atuaram. A segunda fase da operação, deflagrada cerca de dois meses depois, cumpriu 25 mandados de condução coercitiva, 18 de busca e apreensão e sete de prisão preventiva. Foram presos, na ocasião, o secretário de gabinete da Prefeitura de Macapá Humberto Góes e a ex-secretária de Ação Social Hécia Maria Souza.