Jornal Correio Braziliense

Politica

Executivo se esforça para reagrupar base insatisfeita

A menos de um ano no cargo, a presidente Dilma Rousseff enfrenta esta semana o que os parlamentares classificam como um recomeço de uma sessão legislativa tão tenso quanto foi o do período do mensalão petista, em 2005. Por isso, ontem desde cedo sua equipe se desdobrava em reuniões com parlamentares a fim de acalmar os partidos e reconquistar a simpatia e a confiança dos líderes e driblar as propostas de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que tomam conta do Parlamento.

Além da reunião de coordenação pela manhã, da qual participam Dilma, o vice-presidente Michel Temer e os chamados ministros da Casa e líderes, a titular de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, chamou os partidos um a um para conversar. No fim da tarde, Ideli recebeu, por exemplo, os deputados Lincoln Portela (MG), líder do PR na Câmara, e Luciano Castro (PR-RR), vice-líder do governo. A conversa foi direta: ;Como está o partido? Vocês votarão conosco? Temos uma pauta extensa; e por aí foi. A resposta também foi seca: ;Estamos com o governo, aguardando um chamamento. Quanto à pauta, é cedo. Precisamos analisar os projetos;, responderam os líderes como num jogral ensaiado.

O objetivo é evitar que as rusgas políticas terminem por contaminar a extensa agenda de votações que Dilma pretende empreender este semestre medidas provisórias e projetos na área econômica, que o governo considera fundamentais para que o Brasil não seja atingido pela crise norte-americana. Desse pacote constam propostas da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que serão encaminhadas hoje ao Congresso. Há ainda o projeto de alteração do Supersimples Nacional, e a emenda constitucional que mantém a desvinculação de receitas da União (DRU), um dispositivo que permite ao governo usar como quiser recursos que estariam necessariamente vinculados a diversos setores, como a educação. Ainda há em pauta assuntos como o Código Florestal, no Senado, e os marcos regulatórios da internet e da mineração.

Emendas

O governo pretende ainda votar sete créditos suplementares, alguns importantes, tais como, o reajuste do Bolsa-Família (R$ 755 milhões), o Brasil sem Miséria (R$ 999 milhões) e ainda apoio a novas creches (R$ 88 milhões). O governo teme que deslizes na área política terminem por prejudicar a agenda de votações. Por isso, a ministra Ideli Salvatti aproveitou para conversar com Guido Mantega para reforçar a necessidade de liberar as emendas parlamentares. Afinal, com eleições municipais no ano que vem, os parlamentares estão todos voltados à necessidade de mostrar obras e benefícios ao eleitor. E, sem as liberações orçamentárias, dificilmente o clima de tensão se dissipará, conforme avisam os próprios políticos em conversas reservadas.