O PT e o PMDB estão construindo estratégias diferentes para as eleições municipais do ano que vem. Enquanto os peemedebistas querem usar a corrida para peitar o partido aliado, os petistas estão dispostos a fazer algumas concessões a fim de repetir a aliança que levou à vitória da presidente Dilma Rousseff em 2010. Mas o cenário, até agora, é mais de problemas e desunião do que de acertos. Nos maiores eleitorados país, apenas no Rio de Janeiro a conversa é mais fluida, com tendência ao acerto (veja quadro).
O presidente do PMDB, Valdir Raupp, trabalha com a ideia de lançar candidaturas próprias em pelo menos 24 das 26 capitais ; com exceção de Brasília, onde não há prefeitura ;, dependendo do cenário ainda nebuloso em Goiânia e em Porto Alegre.
A ordem do PT, no entanto, é ter uma aliança preferencial com os peemedebistas. A exceção é a principal cidade do país.
Em São Paulo, o PMDB pretende lançar o deputado Gabriel Chalita como candidato e aposta que, depois de quase 20 anos, volta a ter um nome competitivo na corrida pela prefeitura paulistana. Donos do maior tempo de televisão, os peemedebistas se consolidaram nos últimos pleitos como apoiadores, e não como cabeças de chapa.
Os petistas já iniciaram as discussões para escolher quem disputará a corrida eleitoral. No próximo mês, haverá sabatina dos pré-candidatos. Hoje, são seis: os deputados Ricardo Berzoini, Jilmar Tatto, Arlindo Chinaglia e Carlos Zaratini, a senadora Marta Suplicy e o ministro da Educação, Fernando Haddad. Os dois últimos aparecem na dianteira.
Marta é o nome com maior percentual nas pesquisas internas do partido, mas ela não tem o apoio do principal cabo eleitoral do PT. ;O companheiro Haddad é o mais adequado e está na disputa interna;, afirmou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em campanha aberta pelo ministro. O cenário em São Paulo, no entanto, ainda é incerto enquanto não se souber quem é o candidato do PSDB. Os petistas avaliam que o ex-governador José Serra (PSDB) será empurrado para a disputa municipal por ser a única maneira de ele se manter no cenário político.
Em Curitiba e em Salvador, os dois partidos também devem se manter em desacordo. O ex-deputado Gustavo Fruet, que deixou os tucanos e está de malas prontas para o PDT, pode receber o apoio do PT para fazer frente ao PMDB de Roberto Requião e ao PSDB, do governador Beto Richa.
Na capital do Rio Grande do Sul, há uma pequena hipótese de PT e PMDB estarem juntos: caso ambos decidam apoiar Manuela D;Ávila (PCdoB).
Mas os petistas podem lançar candidato próprio e também apoiar o atual prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT). Os peemedebistas ainda avaliam lançar o ex-deputado da sigla Ibsen Pinheiro.
No Rio de Janeiro, o quadro é de união. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) é o candidato à reeleição e o PT aceita apoiá-lo desde que seja parceiro da chapa com a vice. Mas alguns petistas insuflam o senador Lindbergh Farias a se lançar na eleição para ganhar mais cacife as fim de disputar o governo do estado em 2014.
A avaliação é que, se o PT apoiar Paes, perderá a chance de entrar na corrida estadual com chances, por ser grande a possibilidade de Eduardo Paes ser o candidato à sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB).