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Politica

Fichas sujas devem assumir mandatos na Casa ainda esta semana

Mais de cinco meses depois do início do mandato, os políticos que foram barrados pela Lei da Ficha Limpa começam a assumir os cargos para os quais tiveram votos suficientes para se eleger. A dança das cadeiras será inaugurada pela Câmara, que ontem anunciou a permissão de posse a três deputados que não haviam sido diplomados devido a condenações judiciais. Nesse grupo, chegam ao parlamento João Pizzolatti (PP-SC), Janete Capiberibe (PSB-AP) e Magda Mofatto (PTB-GO) ; o trio deve assumir ainda esta semana. Além deles, toma posse Nilson Leitão (PSDB-MT) ; apesar de não ter sido enquadrado entre os fichas sujas, o matogrossense se beneficiou dos mais de 2 mil votos dados ao candidato Willian Dias (PTB), que foi barrado e, mesmo depois de liberado, não conseguiu se eleger.

O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidiu empossar os novos deputados depois de receber dos Tribunais Regionais Eleitorais informações sobre a recontagem de votos feita após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de março. Embora tenha considerado a Lei da Ficha Limpa constitucional, a Corte estipulou a validade da norma apenas a partir de 2012.

Na próxima semana, deixam a Câmara os atuais deputados Zonta (PP-SC), Professora Marcivânia (PT-AP), Delegado Waldir (PSDB-GO) e Ságuas Moraes (PT-MT). Eles vão sair sem que sejam submetidos aos ritos habituais previstos no regimento interno, que determinam a abertura de um processo com direito a apresentação de defesa antes da declaração de perda de mandato. Por considerar que o caso desses parlamentares eram exceção, a Mesa Diretora decidiu pular algumas etapas do processo. ;Vou entrar com um mandado de segurança no STF porque eu ainda estava dentro do prazo para apresentar a defesa. Tiraram esse direito e me golpearam para possibilitar que os fichas sujas assumam mais rapidamente;, reclama Zonta. Seu sucessor, João Pizzolatti, responde na Justiça por improbidade administrativa.

Senadores em guerra
Enquanto a Câmara se apressa para empossar os candidatos que tinham sido barrados pela Lei da Ficha Limpa, o Senado ainda espera o desfecho da guerra travada na Justiça pelos políticos que tiveram votos suficientes para se eleger e acabaram enquadrados na norma. Jader Barbalho (PMDB-PA) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) entraram com ações no próprio STF reclamando da morosidade dos relatores dos respectivos casos em aplicar a decisão do pleno e permitir as diplomações.

O peemedebista está nas mãos do ministro Ricardo Lewandowski, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é um defensor declarado da lei. O relator negou liminar na Ação Cautelar na qual Barbalho pedia o deferimento de seu registro de candidatura com base na decisão de março do plenário. Para os advogados do candidato, a decisão de Lewandowski ;contrariou expressa recomendação feita em decisão do pleno, criando situação de grave dano ao direito do agravante de exercer o mandato obtido nas urnas;.

Outra ação contra decisões dos próprios ministros foi apresentada na semana passada por Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Seu caso está sendo relatado pelo ministro Joaquim Barbosa ; que também é a favor da Lei da Ficha Limpa. Na semana passada, o tucano tentou conseguir liminar do presidente da Corte, Cezar Peluso, alegando que o relator do seu caso está demorando a informar à Justiça Eleitoral a decisão que o beneficia. Lima teve o pedido negado, pois Peluso alegou que a decisão cabe ao relator.