Brasília tem duas caras. Uma é séria. Aparece de terça a quinta-feira. Usa terno e gravata, fala de coisas estranhas ao senso comum, como emendas parlamentares, alianças partidárias e quantias financeiras mais altas do que os prêmios acumulados das loterias esportivas. É uma cara disposta a sorrir de acordo com suas conveniências e a falar em nome de projetos coletivos, cuja maioria é interesse individual.
A outra é mais leve, chega com o fim de semana. Até mesmo nos estabelecimentos elegantes, à medida que se aproxima o sábado e o domingo, o ambiente também é outro. As mesas com cheiro de charutos importados e vinhos caros agora são ocupadas por famílias inteiras que têm a cara do povo da capital do país. Fica nesses dias na cidade quem é daqui, cujas vidas pouco dependem das negociações abertas ou obscuras feitas nos gabinetes perto dos lugares onde moram. Ao longo da semana, o Correio observou a cidade. Brasília tem duas caras e cada um está aqui por conta de alguma delas.