Feita a troca de comando na Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff passou a cuidar de organizar a coordenação política do governo. Ela está decidida a trocar o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Mas, segundo informações colhidas pelo Correio junto a vários ministros de Dilma, a substituição não será feita de imediato. Isso porque o mesmo PT que não conseguiu se articular para sustentar a posição de Antonio Palocci no governo vê suas alas na Câmara brigando pelo cargo de Luiz Sérgio.
A bancada do PT na Câmara tem hoje dois grupos que se sobrepõem às tradicionais tendências do partido. Um dos grupos é formado pelo próprio Luiz Sérgio; o líder do governo, Cândido Vaccarezza; e ainda o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, João Paulo Cunha. O outro é composto pelos deputados Ricardo Berzoini; o líder do PT, Paulo Teixeira; o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia e o atual, Marco Maia, e a maior parte da bancada mineira. ;A decisão de substituir está tomada e se as alas não se entenderem, Dilma escolherá um nome da cabeça dela;, comentou um ministro.
Luiz Sérgio já foi aconselhado por aliados a se antecipar e colocar o cargo à disposição da presidente para que ela possa reorganizar a coordenação política do governo em novas bases. O receio dos petistas é de que o PMDB, mais precisamente o vice-presidente, Michel Temer, termine por ocupar a interlocução com o Congresso.
;Refrigerado;
Para que o PMDB não ocupe mais espaço, o novo ministro deve ser alguém com autonomia e ;refrigerado;, ou seja, que passe a ideia de que a articulação política está mais robusta e reformulada. O perfil do substituto foi traçado ontem numa reunião no Planalto com a presençã dos ministros da secretaria-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho; de Comunicações, Paulo Bernardo; da Saúde, Alexandre Padilha; e, ainda, os líderes Cândido Vaccarezza, Paulo Teixeira e o do Senado, Humberto Costa. O próprio Luiz Sérgio participou de um pedaço da reunião. Ao The New York Times, que preparava ontem uma reportagem sobre as mudanças na equipe de Dilma, Costa foi direto: ;Precisamos de uma articulação política mais resolutiva e com autonomia e em quem a presidente confie;.
O novo interlocutor terá que ter ainda trânsito na Câmara e no Senado, característica que Luiz Sérgio não tem. Por isso, há no PT quem considere que a permanência de Sérgio poderia levar o PMDB a dominar a parte política do governo.
Citado como um dos possíveis nomes para substituir Luiz Sérgio, Vaccarezza defendeu o atual ministro: ;Quem decide isso é a presidente. Nunca houve um período tão produtivo de votações em um governo do que esses cinco meses da presidente Dilma. A Câmara aprovou várias MPs e só perdemos uma emenda no Código Florestal. Não vejo erros da coordenação política. É uma injustiça o que se diz;, disse.