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Ministros de Dilma desqualificam estudo do Ipea sobre aeroportos do país

Os ministros mais próximos da presidente Dilma Rousseff se uniram para criticar estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que aponta que dez dos 13 aeroportos a serem usados na Copa de 2014 não deverão ficar prontos a tempo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi o mais enfático.

Ele desqualificou o estudo dizendo que ;um pesquisador do Ipea juntou recortes de jornal e resolveu fazer aquele pronunciamento;. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, também demonstrou insatisfação com as informações divulgadas pelo instituto ligado à própria Presidência. ;O estudo do Ipea tem um ponto de vista.

Nós temos outros dados para lidar com isso;, rechaçou. Apesar do discurso afinado, há uma preocupação no horizonte. Carvalho reconhece que o ritmo de andamento dos empreendimentos terá de ser acelerado. ;Temos de trabalhar, sim, uma necessidade de intensificar, daqui para a frente, as obras;, afirmou.

O ministro ressaltou que o coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea, Carlos Campos, ;não está autorizado e não representa a posição do governo;. Já o relatório produzido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e apresentado na segunda-feira aponta problemas no percurso mas indica que as obras estarão concluídas até 2014. A expectativa do TCU é de que os 600 mil turistas que venham ao Brasil ver os jogos da Copa encontrem os aeroportos prontos nas 12 cidades-sedes.

;O governo, naturalmente, está preocupado em tomar todas as medidas, mas não há desespero e irresponsabilidade. Estamos procurando realizar tudo dentro do previsto, com cuidado, respeitando as normas;, avalia Carvalho.

A torcida e a confiança do governo para que tudo dê certo se baseiam nas experiências de outros países que tiveram problemas com o andamento das obras, mas conseguiram sediar grandes eventos. ;Todo mundo achava que ia haver problema na Alemanha (2006), na África do Sul (2010) e em Londres (Olimpíadas de 2012), mas as Copas aconteceram e a Olimpíada vai ocorrer. No Brasil é o mesmo. Trabalharemos firmemente com estados e municípios para garantir a execução das obras;, ressaltou Miriam. Ela lembrou que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as ações de redução da extrema pobreza estão listadas como prioridades na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2012.

Vira-lata
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acredita que o ritmo das obras depende dos períodos
estabelecidos em cada projeto e dos prazos de maturação. ;Muita gente professa desgraça e acha que o Brasil não tem condição de sediar um grande evento. Fico espantando de ver gente apostando na desgraça. O Brasil já deu demonstração de competência e capacidade. Há certos setores da sociedade que parecem que ainda não venceram o complexo de vira-latas.

O governo acredita nas empresas, nos sindicatos, nos operários e nas responsabilidades que os estados estão assumindo. Faremos, sim, uma grande Copa do Mundo;, garante.

Para evitar greves e outros problemas referentes aos canteiros de obras, o governo aposta nos acordos que estão sendo firmados para melhorar a relação entre operários e empresários da construção civil. Sindicalistas e patrões, com o auxílio do Planalto, negociam os pontos de reivindicação para não prejudicar o cronograma a ser cumprido.

Regime diferenciado será votado em um mês
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), informou que a proposta de regime diferenciado de contratações públicas para contratos necessários à realização da Copa e das Olimpíadas será incluída na Medida Provisória n; 521, que dispõe sobre atividades do médico-residente e prorroga o prazo de pagamento da gratificação para servidores requisitados pela Advocacia-Geral da União. ;O projeto está em discussão entre a base e a oposição e deve ser votado em um mês;, afirmou. Para ele, essa será a forma de acelerar as obras de aeroportos e estádios. ;Não será permitido aditamento acima de 25% do preço orçado;, disse Vaccarezza.