Durante o voo para a China, a presidente Dilma Rousseff reforçou o mantra de que não quer saber de aumento no preço da gasolina. Por aqui, no entanto, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, informou que continua aguardando sinais do mercado internacional para saber se o preço do petróleo permanecerá acima dos US$ 122 o barril, patamar em que a estatal seria obrigada a reajustar os preços da gasolina que vende.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, antes da viagem, disse que somente a Petrobras deseja reajustar os preços. Lobão, Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, são contrários ao aumento por conta dos potenciais efeitos danosos que a decisão teria sobre a inflação, cujos índices se aproximam do máximo admitido, de 6,5% ao ano.
A crise de abastecimento teve início com o aumento do etanol. Quando o litro do álcool custa mais de 70% do preço do litro da gasolina, o dono do carro opta por usar somente gasolina porque o álcool deixa de compensar.
;A política da Petrobras, ao longo dos últimos anos, tem como premissa não repassar para o consumidor a volatilidade dos valores internacionais do petróleo a curto prazo. A companhia pratica ajustes quando o valor do produto no mercado internacional estaciona em determinado patamar;, afirmou ontem o presidente da estatal. ;Não temos ainda condições de ter decisão de preços, porque não temos certeza se eles irão ficar nos atuais patamares;, disse.
Nas últimas duas semanas, em virtude da importação de etanol anidro para adicionar na razão de um quarto para cada litro de gasolina, o preço nas bombas subiu R$ 0,21, em média, no Brasil.
Debate
Um eventual aumento para os preços dos combustíveis deverá ser rediscutido em maio, se os valores do etanol estiverem mais baixos, por causa da entrada da safra de cana-de-açúcar, e se a gasolina se mantiver ;congelada;. A opinião é de Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).
[SAIBAMAIS]Para enfrentar a crise, a Petrobras importou 1,5 milhão de barris de gasolina. A ideia é abastecer os distribuidores, que importaram 200 milhões de litros de álcool anidro para misturar na gasolina. Até o fim deste mês, se prevalecerem as promessas feitas pela União da Indústria de Cana (Única), a entrada da safra 2011/2012 da cana-de-açúcar garantirá o abastecimento dos automóveis. A Única não admite que as usinas estejam, como disse o ministro Lobão, moendo cana-de-açúcar para produzir somente açúcar, que tem preços elevados no mercado internacional, em detrimento de destilar etanol para os carros.
;O crescimento dos veículos flex foi o principal ingrediente por trás da ampliação acelerada da produção de cana-de-açúcar nos últimos anos. No entanto, a crise financeira em 2008 atingiu em cheio o setor, reduzindo o nível e a velocidade dos investimentos para ampliar a capacidade de produção, e intensificando o processo de consolidação;, afirmou o presidente Única, Marcos Jank.