São Paulo ; A forma discreta e prática com que a presidenta da República, Dilma Rousseff, dirige o país tem agradado economistas. Cinco deles, que participaram hoje (7) de um debate na sede da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), avaliaram de forma positiva o começo do governo e apontaram avanços alcançados nos primeiros dias da nova gestão. ;Eu dou nota 9,9;, resumiu o ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, um dos debatedores do evento.
O diretor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yoshiaki Nakano, disse estar satisfeito com o desempenho de Dilma. ;A impressão geral é muito melhor que a esperada;, afirmou ele. ;O governo é técnico e menos ideológico do que poderíamos esperar do PT;.
Segundo Nakano, essa postura técnica do governo Dilma ficou clara nos primeiros dias de seu mandato. Ele lembrou das negociações para definição do salário mínimo e disse que elas representaram uma ;ruptura; na relação política entre o Executivo e o Legislativo.
;O governo sempre usou o Congresso como balcão de negócios;, afirmou ele. ;No caso do salário mínimo, houve uma mudança. Havia um acordo, que estabelecia uma regra. A regra foi seguida pelo governo e foi aprovada. Isso foi o que mais chamou a minha atenção;.
Segundo Octavio de Barros, economista chefe do Bradesco, o governo terá o desafio da inflação. Barros disse que a alta de preços no Brasil, principalmente dos serviços, é uma ameaça à estabilidade econômica e pode comprometer o ciclo de crescimento do país. Para ele, a necessidade de ajustes urgentes nos gastos do governo é outro grande desafio que Dilma terá que enfrentar de forma mais efetiva.
Se isso for feito, Barros acredita que o Brasil entrará em um ciclo de trinta anos de crescimento, podendo se firmar como uma das maiores economias mundiais. ;Estamos diante de um país de um potencial de crescimento exuberante nos próximos anos;.
O presidente do Conselho de Relações Institucionais da Fecomercio, o ex-deputado federal Paulo Delgado, elogiou a mudança na forma de governar implantada por Dilma. Destacou ainda os impactos dessa postura nas relações internacionais do país. ;O Brasil voltou à tradição antiga do Itamaraty, de posições independentes e de defesa dos direitos humanos;.
Delgado também disse que a forma de governar direcionada a resultados fortaleceu os outros Poderes do país. Nos seus primeiros dias de governo, Dilma reforçou o Judiciário, por exemplo, nomeando Luiz Fux para o Supremo Tribunal Federal.
O presidente do Conselho de Planejamento Estratégico da Fecomercio, Paulo Rabello de Castro, também afirmou que o início do governo Dilma é bom. Porém, ressaltou que os grandes problemas do país ainda não foram tratados pela presidenta. ;O governo vai bem, mas ainda não mostrou a que veio. Não demonstrou a ousadia necessária para resolver as grandes questões;, afirmou. Uma dessas grandes questões, disse de Castro, é a reforma tributária.