Quem esperava ver o vice-presidente da República, Michel Temer, como mera figura decorativa no PMDB e no governo a partir de 2012 terá que rever sua estratégia. Temer teve ontem o mandato como presidente do partido renovado até março de 2013, assim como todos os demais integrantes da Comissão Executiva Nacional, estaduais e municipais. Significa que Temer é quem dará as cartas na hora de definir as alianças que o PMDB fará nas eleições municipais do ano que vem e também o espaço do partido no governo, dividindo o comando com o presidente interino, senador Valdir Raupp (RO), e o grupo de José Sarney e Renan Calheiros.
A reunião da Comissão Executiva Nacional foi marcada para o dia da festa de 45 anos do PMDB, ontem à noite num hotel de Brasília. E vem ainda num momento em que o PMDB aguarda as nomeações de segundo escalão, algumas anunciadas e ainda não efetivadas, e outras que estão ainda em banho-maria.
O encontro ontem no Congresso, antes da festa, foi rápido, mas não a ponto de evitar que o PMDB mandasse seus recados aos demais aliados do governo, em especial o PT. Foi aprovada, por exemplo, uma recomendação para que o PMDB lance candidato próprio em todos os municípios em 2012. ;A intenção é fortalecer o partido;, afirma Raupp, citando especialmente as cidades com mais de 200 mil habitantes.
A decisão tem um significado: o PMDB é aliado, mas não ficará subordinado ao PT na hora de concorrer às prefeituras das capitais e grandes cidades brasileiras. Nos bastidores, há quem diga que o PMDB dificilmente apoiará um nome petista à prefeitura de São Paulo, por exemplo. Até porque, avaliam os peemedebistas, se a ordem é fortalecer o partido, seria natural concorrer a cargos majoritários, especialmente, prefeituras das capitais, deixando possíveis alianças para o segundo turno. Foi assim que o PT chegou à Presidência da República.
Sondagem
Em outras palavras, o PMDB deixou explícito que, se o PT quiser o apoio do PMDB em capitais estratégicas, como São Paulo, terá que dar ao partido alguma compensação em outros estados ou mesmo no governo. Foi diante dessa perspectiva de fortalecer o partido desde já para negociar com o governo e o PT que os mandatos foram prorrogados. Afinal, recentemente, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) entrou em contato com alguns peemedebistas para sondar as suas chances de sair candidato a presidente do partido no segundo semestre. Setores do governo chegaram a ensaiar uma espera da troca de comando para, depois, decidir alguns pontos pendentes, como cargos-chaves de segundo escalão.
Agora, com a recondução, em vez de perder tempo nas discussões internas sobre quem serão os futuros comandantes, o PMDB preferiu amortecer esses movimentos e deixar na liderança partidária aqueles que já estão embalados na negociação com a presidente Dilma Rousseff no quesito espaços de poder e daqueles que também conversam com o presidente do PT, José Eduardo Dutra, sobre as futuras alianças. E, nos dois casos, o nome que continua com essa função é Michel Temer. Por mais dois anos.