Jornal Correio Braziliense

Politica

Atraso nas nomeações do governo atinge PF

Mudanças previstas para janeiro não foram definidas e sindicatos temem que atrasos nos pagamentos de diárias a agentes em viagem aumentem ainda mais

O atraso nas nomeações dentro do governo também atingiu áreas estratégicas da administração pública, como a Polícia Federal, que deveria trocar sua diretoria na segunda quinzena de janeiro, depois da posse do novo diretor-geral, Leandro Daiello Coimbra. Todas as cinco diretorias estão ocupadas, mas quatro delas deveriam vagar para a entrada de novos titulares, o que ainda não ocorreu. A PF não fala oficialmente em nomes, mas pelo menos três delegados estão cotados para algumas das áreas e aguardam as indicações.

Na cotação para ocupar as novas diretorias, estão pelo menos dois delegados conhecidos nacionalmente. Paulo de Tarso Teixeira, atual superintendente da corporação em Pernambuco, deverá ocupar a Diretoria Executiva e ser o segundo homem na cúpula da PF. Ele comandou as investigações do dossiê Cayman, que acusava o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro das Comunicações Sérgio Motta de terem contas em um paraíso fiscal. A apuração constatou que o documento era falso. Teixeira também atuou no inquérito que apurou o vazamento de informações pelo então delegado e hoje deputado federal Protógens Queiroz (PCdoB-SP) durante a Operação Satiagraha.

Outro nome cotado é o de Sérgio Barbosa Menezes, que deverá ocupar a Diretoria de Logística Policial. O caso mais recente em que trabalhou, e que teve visibilidade nacional, foi a investigação sobre os gastos com cartões corporativos por Fernando Henrique Cardoso e seus familiares. A vazamento das informações teria partido da Casa Civil. Menezes também apurou uma denúncia de recebimento de propina pelo ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, que teria tentado extorquir um empresário que mantinha um restaurante nas dependências da Casa.

Quem deve ser o primeiro diretor nomeado, entretanto, é Maurício Leite Valeixo, que deixa a Superintendência da PF no Paraná para ocupar a Diretoria de Gestão de Pessoal, cargo que era do atual dirigente da Polícia Federal em Goiás, Joaquim Mesquita, empossado na nova função na segunda-feira.

A PF informou que o atraso nas nomeações dos dirigentes não afeta a rotina da corporação, já que as funções estão sendo ocupadas pelos antigos diretores, ou por substitutos. Porém, sindicatos da categoria reclamam que os agentes em trânsito para operações em outros estados têm recebido as diárias com atrasos, como aconteceu com os policiais que atuaram na Operação Guilhotina, no Rio de Janeiro, realizada em 11 de fevereiro. O temor é que com os cortes no Orçamento e as indefinições na cúpula da corporação, a situação se agrave, segundo os sindicalistas.

Tabatinga
A Polícia Federal realizou ontem em Tabatinga (AM), na fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, uma das maiores ações de combate ao tráfico de drogas na região. A Operação Ilhas levou ontem para a cadeia 28 pessoas. Outras 35 foram presas durante a fase de investigações, iniciada em 2009. No mesmo período, a PF apreendeu quase uma tonelada e meia de cocaína vinda da Colômbia. A quadrilha usava ilhas próximas à cidade amazonense para centralizar as suas ações, e mantinha negócios no município para lavar dinheiro do tráfico.

Tabatinga é considerada uma porta de entrada da cocaína colombiana no Brasil. A PF chegou a montar bases fixas de fiscalização no Rio Solimões, mas elas foram desativadas recentemente. Por isso, os inúmeros igarapés existentes na região voltaram a ser usados pelo narcotráfico, que agora tem o comando de peruanos, segundo o superintendente da corporação no Amazonas, Sérgio Fortes. A droga, segundo a Polícia Federal, era levada para Manaus e, depois, seguia para outros estados, principalmente do Nordeste.

Assassinatos
Em novembro do ano passado, os agentes federais Leonardo Matzunaga Yamaguti e Mauro Lobo foram mortos a tiros de fuzil por traficantes. O confronto ocorreu no município de Anamã (AM), próximo ao Rio Negro, onde os policiais tentaram abordar o grupo, que portava mais de 300 quilos de cocaína em um barco. Homens que estavam em uma segunda embarcação abriram fogo contra os policiais. Um terceiro agente foi ferido. A PF prendeu parte da quadrilha, formada por brasileiros e peruanos.