A correção da tabela do Imposto de Renda terá um impacto considerável nas contas bancárias de milhares de famílias brasileiras. O reajuste pode significar um ganho de até R$ 67,46 na renda de brasileiros que passarem para a faixa de isenção, considerando a adoção do percentual de 4,5% previsto pelo governo federal. O valor chegará a R$ 97, na remota possibilidade de as centrais sindicais conseguirem emplacar a proposta de correção de 6,47%, baseada na inflação acumulada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano passado. O governo, entrentanto, já indicou que não pretende perder nem um centavo além da renúncia fiscal de R$ 2,2 bilhões por ano prevista com a elevação das faixas em 4,5%, segundo cálculos da Receita Federal.
Caso seja aprovado o índice definido pelo governo federal, a nova faixa de isenção do IR para trabalhadores aumentará dos atuais R$ 1.499,15 para R$ 1.566,61 (veja tabela com as simulações ao lado). Já na proposta defendida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, de correção de 6,47%, ficariam isentas da mordida do Leão pessoas físicas com renda mensal de até R$ 1.596,15, apontam cálculos da Sindifisco-MG.
;No projeto que apresentei está previsto apenas que a correção siga a inflação do ano passado, o que é o mínimo a que os trabalhadores têm direito. Caso o governo não aceite negociar um aumento, o que eu acho que vai acontecer, vamos reunir forças com várias centrais e movimentos para brigar pela nossa proposta. Também vou sugerir que os aumentos sejam contínuos nos próximos anos, para que medidas futuras não venham a impedir ganhos para a classe trabalhadora;, defendeu Paulinho.
Uma proposta que ganha força, até mesmo entre parlamentares da base governista, defende o reajuste de 5,91%. O índice consta de projeto do senador Inácio Arruda (PC do B) que estabelece a isenção do Imposto de Renda para ganhos mensais de até R$ 1.587,75.
Pressão
ara os sindicalistas, a pressão do governo vai ocorrer de forma semelhante à adotada durante a votação do salário mínimo, aprovado sem dificuldades na Câmara e no Senado, apesar de algumas dissidências. Mesmo tendo sido derrotados na semana passada, os sindicalistas, que defendiam piso salarial de R$ 560, acreditam que o IR pode gerar movimentação maior dos grupos contrários à proposta definida pelo governo. ;A grande diferença entre esta votação e a do salário mínimo está na classe que será afetada com os valores propostos pelo governo. Uma coisa é bater nos pobres, impondo o aumento do mínimo, outra é afetar diretamente a clásse média, que consegue mobilização de vários setores;, afirma o líder do grupo sindical na Câmara.
A proposta para definir o índice do reajuste em 4,5% está sendo elaborada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e deve ser entregue na semana que vem como medida provisória. Mas ainda não há data confirmada para a votação das propostas. A MP começa a valer assim que publicada, e os novos isentos já deixam de pagar o imposto.