A briga pelo controle do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) acirrou ainda mais a disputa interna do PMDB por cargos no segundo escalão da Esplanada dos Ministérios. Se até a semana passada os ruídos no partido eram atribuídos ao apetite do PT pelos postos, agora a motivação é interna. Nomeações de Furnas Centrais Elétricas, Dnocs, Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Fundação Nacional de Saúde e da Vice-Presidência de Pessoas Jurídicas da Caixa abriram uma fissura na base da legenda na Câmara.
O embate respingou nos últimos dias no líder peemedebista na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), que tem tido as indicações contestadas pelos colegas. De olho na disputa pelo Dnocs, parlamentares do PMDB reclamam que o deputado tem beneficiado a bancada fluminense, leia-se Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e os próprios apadrinhados. O foco de insatisfação dos parlamentares teve início com a escolha de Pedro Novais (PMDB-MA) para ministro do Turismo ; a indicação dos deputados havia recaído sobre Mendes Ribeiro (PMDB-RS).
Depois do ruído inicial, acabaram na conta de Alves a briga pela permanência de Faustino Lins à frente da Funasa e a nomeação do secretário executivo do Turismo, Frederico da Costa ; acusado de beneficiar empresas turísticas da família com liberações de verbas federais, além de ter firmado convênios suspeitos com organizações não governamentais. A diretoria de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica, hoje ocupada por Carlos Antônio de Brito, também teria entrado na alça de mira do grupo ligado ao líder peemedebista. ;O Henrique não pode usar a posição de líder para fazer indicações pessoais. O constrangimento aconteceu pela pressão dele por indicações pessoais no Dnocs, na Funasa e na Secretaria de Atenção à Saúde. Só que o partido inteiro pegou a culpa;, reclama um peemedebista.
Contraponto
Diante das críticas de parte da bancada, Henrique Eduardo Alves garantiu que a única nomeação pessoal que defende é a do Dnocs. Os outros cargos, segundo o deputado, foram indicados pelas bancadas do partido no Rio de Janeiro (Furnas), Ceará (Funasa) e Distrito Federal (Caixa). Do BNB, ele admite ter interesse em uma diretoria, mas nega tentar a substituição do atual presidente do banco, Roberto Smith. ;As indicações, todas elas, foram de bancada. Reclamam de Furnas, mas foi o Rio de Janeiro, que tem a segunda maior bancada do partido, quem escolheu o presidente de lá. No BNB, toda a diretoria é petista e tem feito bom trabalho, diga-se. Só cogitamos nomear um diretor;, defende.
Com a movimentação de deputados interessados na liderança do partido na Câmara ; Leonardo Quintão (PMDB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES) seriam cogitados ; o atual líder garante que tem falado pela bancada e pelo partido. ;Em qualquer lugar do mundo, coalizão é somar partido, ideias, propostas e governo. Agora é participar do governo, dentro dos critérios estabelecidos, mas com a importância devida. O PMDB quer somente isso, e em qualquer lugar do mundo é assim;, justifica Alves.