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Defensores franceses louvam a decisão de Lula de não extraditar Battisti

Os defensores franceses do ex-militante italiano de extrema-esquerda, Cesare Battisti, que viveu na França de 1990 a 2004, receberam com felicitações nesta sexta-feira a decisão do presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva de não extraditá-lo para a Itália.

Foi uma decisão "justa, porque não se pode deixar preso alguém, durante 30 anos, sem ter dado a ele a chance se se explicar ante os juízes - é o destino que lhe estaria reservado", declarou à AFP Me Eric Turcon, um de seus advogados na França.

"Esperamos conhecer a motivação (desta decisão) muito interessante", acrescentou o advogado, saudando de passagem a ação da escritora francesa Fred Vargas, "que lutou (...) para atrair a atenção do mundo, e dos brasileiros em particular, para a injustiça da situação".

Fred Vargas é pseudônimo de Frédérique Audoin-Rouzeau (Paris, 1957), uma historiadora, arqueóloga e autora de sucesso de romances policiais que apoiou a causa de Cesare Battisti quando vivia na França, ameaçado de extradição para a Itália.

"Alegro-me da sabedoria do presidente Lula. É uma decisão estudada, de um homem que dedicou seu tempo a ler o dossiê, a verificar numerosas irregularidades, afastando-se da dimensão exageradamente passional" do caso, escreveu por sua vez o filósofo francês Bernard-Henri Lévy em seu blog na internet "La r;gle du jeu".

Battisti, 56 anos, um dos últimos representantes dos "anos de chumbo" da década de 70, na Itália, instalou-se em Paris de 1990 a 2004, onde tornou-se autor de romances, até fugir de uma extradição para a Itália.

Condenado à revelia, em 1993, em seu país à prisão perpétua, por quatro assassinados e cumplicidade em mortes cometidas em 1978 e 1979, ele se diz inocente.

Cesare Battisti pertence a uma centena de militantes de extrema-esquerda italianos da década de 1970 que reconstruíram a vida na França a partir de 1990, sob a proteção do então presidente François Mitterrand.

Mais tarde, o governo francês decidiu não dar sequência aos pedidos de extradição encaminhados pela Itália.