São Paulo ; O vice-presidente da República, José Alencar, foi submetido, ontem, a uma cirurgia de emergência que durou três horas para tentar conter um sangramento no abdômen provocado por um tumor que voltou crescer. Ele deu entrada às pressas no Hospital Sírio-Libanês pela manhã e foi submetido à cirurgia no fim da tarde, mas o procedimento foi interrompido por causa dos riscos que o paciente corria.
Até as 22h de ontem, os médicos tentavam conter a hemorragia com medicamentos. Segundo Raul Cutait, um dos médicos que participou da cirurgia, Alencar passa pelo ;momento mais difícil; da sua luta contra o câncer, que já dura 14 anos. Bastante emocionado, o cirurgião disse que a equipe médica não conseguiu chegar até o abdômen de Alencar para tentar conter o sangramento porque os tecidos estão necrosados (grudados) e por causa das cicatrizes de 16 cirurgias feitas anteriormente. ;Nessa fase, a doença começa a ficar mais agressiva e as possibilidades de tratamento estão mais cerceadas;, ressaltou.
Em seguida, ele disse que ;embora todos continuem lutando com extremo envolvimento e intensidade, percebe-se que a situação não está mais tão tranquila;. Como Alencar já chegou ao limite de cirurgias, a equipe que faz seu tratamento resolveu descartar qualquer novo procedimento. Na noite de ontem, assim que a cirurgia foi interrompida, ele permaneceu em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês aguardando que a hemorragia cessasse de forma natural e com uso de antibióticos. Ele respirava com ajuda de aparelhos e recebeu transfusão de sangue. ;Ele foi operado há um mês. Quando isso ocorre, as aderências dentro da cavidade abdominal são muito intensas. Elas impediram que a gente entrasse e chegasse ao tumor, que é o que nos parece causar esse sangramento;, explicou Cutait.
De acordo com boletim do hospital divulgado à noite, Alencar encontra-se em estado crítico, porém estável. ;O vice-presidente apresentou sangramento extremamente intenso e grave. Percebemos que havia dificuldade desse sangramento se estacar espontaneamente. Ficamos em uma encruzilhada entre aguardar que cessasse o sangramento ou então tentar heroicamente realizar uma nova cirurgia;, relatou Cutait. Como Alencar teve o tratamento quimioterápico interrompido há mais de um mês por causa de uma obstrução intestinal, os médicos acreditam que um dos tumores tenha invadido o intestino e provocado o sangramento.
O vice-presidente foi internado por quatro dias no fim de novembro para tratar uma obstrução intestinal decorrente de tumores no abdômen e recebeu alta médica na sexta-feira passada. Em 27 de novembro, ele foi submetido a 16; cirurgia para a retirada de parte do tumor e de parte do intestino delgado. Ele chegou a passar quatro dias na UTI Cardiológica e começou a fazer sessões de hemodiálise depois que os médicos detectaram uma piora na função renal.