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Politica

Lula lembra colaboradores e incita Dilma a tornar o país na 5ª economia

Na presença de ex e atuais ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva registrou, ontem, em cartório as ações promovidas em oito anos de governo. O documento com seis volumes, totalizando 2.200 páginas, foi elaborado pelos ministérios e consolidado pela Secretaria de Comunicação Social (Secom). ;O WikiLeaks não vai precisar entrar clandestinamente, ele vai ter à disposição as coisas que nós fizemos, inclusive as coisas do Itamaraty. Ou seja, não vai ter vazamento do WikiLeaks porque nós vamos vazar antes;, brincou Lula.

Todos os ex-ministros, inclusive os que saíram na esteira de escândalos, foram convidados ao evento no Palácio do Planalto. Estiveram presentes José Dirceu, Antônio Palocci, Matilde Ribeiro, Benedita da Silva e Walfrido dos Mares Guia, entre outros. A última a ser demitida, Erenice Guerra, não compareceu. Por problemas de saúde, também não vieram Luiz Gushiken e o vice, José Alencar. Ao todo, estiveram presentes cerca de 800 pessoas. ;Eu queria, neste ato aqui, na verdade, era prestar uma homenagem àqueles companheiros que, durante oito anos ou durante alguns meses ou durante alguns dias, se dedicaram a construir o que nós plantamos;, agradeceu Lula.

O presidente apontou dados do documento, como os avanços na área de saúde, incluindo a criação de 14 universidades, 126 câmpus no interior do país, 214 escolas técnicas e a criação das bolsas do ProUni. Lula ainda fez um desafio à presidente eleita, Dilma Rousseff, e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que a dupla leve o Brasil à condição de 5; economia do mundo até 2016. ;Somos a nação do pré-sal, a nação da Copa do Mundo, da Olimpíada. E se depender da dona Dilma e do dom Guido, vamos ser a quinta economia do mundo em 2016 e vamos conquistar essa medalha de ouro;, pediu Lula. O governo federal disponibilizará dois sites (www.balancodegoverno.presidencia.gov.br e https://i3gov.planejamento.gov.br) com as informações registradas ontem em cartório.

A uma semana da votação do Orçamento no Congresso Nacional, o presidente ainda pediu, em tom de brincadeira, que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, diminua o contingenciamento de receitas para investimentos dos ministérios. Os parlamentares querem votar a proposta com previsão de arrecadação R$ 30 bilhões superiores ao projetado por Bernardo. O ministro admitiu que o Orçamento deve ser aprovado com recursos superestimados. ;Vamos aprovar o Orçamento e fazer ajustes depois. Fatalmente teremos de fazer um contingenciamento grande. Só espero que o Ministério das Comunicações não seja afetado;, brincou Bernardo, que assumirá a pasta a partir de janeiro.

De Natal
À tarde, o presidente Lula recebeu representantes de movimentos sociais no Palácio do Planalto. As lideranças ressaltaram a abertura de diálogo entre os movimentos e o presidente. Para o evento, foram convidados integrantes dos segmentos da sociedade civil, incluindo entidades sindicais, do campo, das mulheres, dos negros, da juventude, de economia solidária e de reforma urbana. O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, lembrou das conquistas alcançadas em quatro anos, como a criação de um conselho nacional para combater a homofobia. ;O Lula é muito gente boa. Ele é o Papai Noel dos gays;, brincou.


Entrevistas para a PF
Edson Luiz
O futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reuniu-se com três delegados que podem ser indicados para a Direção-Geral da Polícia Federal (PF), um dos cargos mais disputados no segundo escalão do governo. Dois deles são superintendentes estaduais: Leandro Delano Coimbra, em São Paulo, e Ildo Gasparetto, no Rio Grande do Sul. O terceiro é o diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon Filho. Também cogitado para o cargo, o atual secretário de Defesa Social do Pará, Geraldo José de Araújo, não chegou a se encontrar com Cardozo. O futuro ministro esteve ontem na sede da PF em reunião com toda a diretoria da corporação. Conheceu a estrutura, o orçamento e a forma de trabalho da PF.

Apoiado pelo ex-ministro da Justiça e governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, Gasparetto é entre os três o mais bem cotado para assumir o cargo. Ele chegou a ser cogitado para a Secretaria de Segurança Pública do estado, mas a possibilidade de ser diretor da PF o fez recusar a proposta. Troncon é o candidato preferido do atual dirigente da PF, Luiz Fernando Corrêa, que também defende, com menor ênfase, a indicação de Coimbra. Já Geraldo Araújo, que também foi superintendente da PF em São Paulo, conta com a simpatia do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.