A presidente eleita, Dilma Rousseff, pediu empenho de PT e PCdoB para ajudá-la a emplacar 12 mulheres em postos-chave do governo. Até agora, são quatro ministras nomeadas. O problema é que os partidos resistem em abrir mão de seus quadros masculinos para ajudá-la a cumprir a meta de preencher 30% da Esplanada com companheiras.
Do PCdoB, Dilma quer Luciana Santos, ex-prefeita de Olinda (PE), e não abre mão de Manuela D;Ávila (RS). A primeira, a presidente quer colocá-la no Ministério do Esporte no lugar de Orlando Silva. A deputada mais votada do Rio Grande do Sul já foi cogitada para a mesma pasta e agora é nome para a Secretaria de Juventude, órgão que hoje está ligado à Secretaria-Geral.
Os comunistas, no entanto, não querem trocar Silva de lugar, mesmo com ele assumindo a Autoridade Pública Olímpica, como representante do governo nesse órgão da iniciativa privada para viabilizar os jogos de 2016, no Rio de Janeiro.
Em reunião com a bancada de deputados do PT, o presidente da legenda, José Eduardo Dutra, fez um apelo em prol da indicação de mulheres diante da incapacidade de as outras legendas aliadas apresentarem quadros femininos, mas também há dificuldades.
Segundo assessores, Dilma quer mulheres do PT nas chefias dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social, além das Secretarias da Igualdade Racial e da Mulher, ambas com status de ministério. Na Cultura e no Meio Ambiente, serão indicadas ministras da cota pessoal da presidente eleita. Atual ocupante da pasta ambiental, Izabella Teixeira está praticamente confirmada, graças ao lobby do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a Cultura, ocupada pelo PV, com Juca Ferreira, Dilma tem como opção Ana de Hollanda, ex-diretora musical da Funarte. O problema é o lobby feito por Ferreira para se manter. O ex-ministro Gilberto Gil lidera um grupo de artistas interessados em deixar a pasta nas mãos da classe.
Correntes
Na cota do governador da Bahia, Jaques Wagner, entra Moema Gramacho (PT), prefeita de Lauro de Freitas, para a pasta do Desenvolvimento Agrário. A dificuldade é uma composição dentro do PT. A corrente de esquerda e minoritária Democracia Socialista, que comanda a pasta desde 2003, bate o pé para se manter no poder. Até mesmo os baianos querem emplacar outros nomes: os deputados federais Nelson Pellegrino ou Zezéu Ribeiro.
Com todas essas dificuldades, os petistas já trabalham com o cenário da pior das hipóteses: conseguir nomear oito ministras. Como alento, é o dobro do número de mulheres nomeadas por Lula. Começaram o governo em 2003 Benedita da Silva (Assistência Social), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Marina Silva (Meio Ambiente) e Emília Fernandes (Diretos da Mulher).
Força feminina
Cotadas
Luciana Santos (PCdoB), ex-prefeita de Olinda
A comunista é a nova tentativa para o Ministério do Esporte, depois de o PCdoB rejeitar a indicação da deputada federal Manuela D;Ávila (RS). A pasta, atualmente, é ocupada por Orlando Silva.
Moema Gramacho (PT), prefeita de Lauro de Freitas
Está na lista de indicadas para a chefia do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Entraria na cota do governador Jaques Wagner (BA). O difícil é convencer petistas da corrente Democracia Socialista.
Tereza Campelo (PT), assessora da Casa Civil
A economista é mulher do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira e considerada um quadro técnico do partido. Dilma quer colocá-la no Ministério do Desenvolvimento Social, mas ainda precisa ser bancada pelos petistas.
Janete Rocha Pietá (PT), deputada federal por São Paulo
Figura na lista de provável ministra da Igualdade Racial. Sua indicação abriria espaço para José Genoino, que não se elegeu, retornar à Câmara. Para a vaga, já foi cogitado o deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP).
Confirmadas
Miriam Belchior (PT)
Será a mulher mais forte do governo Dilma. Assumirá o Ministério do Planejamento, reforçado com o PAC e com a atribuição de coordenar ações do governo, tarefa que era da presidente eleita na Casa Civil.
Helena Chagas (sem filiação)
A jornalista com passagem pelo jornal O Globo e pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) assumirá a Secretaria de Comunicação Social com poder de decisão sobre a publicidade institucional.
Ideli Salvati (PT)
Derrotada na disputa pelo governo de Santa Catarina, a senadora não terá mandato a partir de 2011. Acaba abraçada pelo governo federal para assumir a Secretaria de Pesca.
Maria do Rosário (PT)
A deputada federal reelegeu-se e foi convocada ao governo por sua atuação na área social.