Jornal Correio Braziliense

Politica

Dilma começa a decidir os integrantes do Palácio do Planalto e os líderes

; Luciana Bezerra
Especial para o Correio

Definida a equipe econômica, a presidente eleita, Dilma Rousseff, dedica-se a fechar o desenho dos ministros que irão ocupar o Palácio do Planalto e daqueles que vão representar os partidos políticos. Ela já escolheu para acompanhá-la no dia a dia o deputado Antonio Palocci, o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e Gilberto Carvalho, chefe de Gabinete de Lula. No desenho original, Palocci, que já esteve cotado para a Casa Civil, assumirá a Secretaria-Geral. Paulo Bernardo, a Casa Civil. Gilberto Carvalho, o terceiro na trinca, fará a ponte com os movimentos sociais.

Palocci já tinha dito que não queria um cargo de muita exposição nem tampouco ficar fora da chamada reunião das 9h, ou seja, o grupo que faz parte da coordenação de governo. A Casa Civil, posto que já foi ocupado por José Dirceu ; com quem Palocci passou a maior parte do tempo disputando espaço político no primeiro mandato de Lula; seria considerado um cargo muito exposto ainda que desidratado pela saída do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A Secretaria-Geral, hoje ocupada por Luiz Dulci, cairia como uma luva.

Falta Dilma decidir quem vai coordenar a parte política e o dia a dia com o Congresso dentro do Planalto. No desenho elaborado pela presidente eleita, segundo assessores, a Secretaria-Geral vai ganhar atribuições de negociação política, que hoje estão dentro da Secretaria de Relações Institucionais. Essa função também pode terminar nas mãos do atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, embora ele esteja cotado também para a pasta da Saúde, posto que o PMDB já trata nos bastidores como algo fora do seu portfólio. (leia detalhes nesta página).

A Secretaria-Geral foi desidratada pelo governo Lula e Dilma quer transformá-la no mesmo perfil que teve no governo Fernando Henrique Cardoso (19945-2002). Palocci foi convidado, na semana passada, para ocupar a Casa Civil, mas pediu tempo para analisar por entender que a Casa Civil será um órgão de assessoramento da Presidência.

Uma Secretaria-Geral reforçada por Palocci serviria como um contrapeso ao vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), que, por sua experiência de três mandatos como presidente da Câmara, será um articulador natural do próximo governo. O ministro Paulo Bernardo, desalojado para dar lugar à Miriam Belchior, foi convidado ontem a permanecer no governo. Após quase duas horas de reunião com Dilma, na Granja do Torto, Bernardo limitou-se a dizer que terá função ainda a ser definida no futuro governo. ;Ela me fez um convite genérico. Ela tem mais de uma opção para mim e não quis discutir sobre isso agora;, afirmou o ministro.

Dilma também se reuniu com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e o convidou a continuar à frente da instituição de fomento.


Colaborou Vicente Nunes

Cadu Gomes/CB/D.A Press - 1/4/09
Sérgio Rezende já avisou que não quer ficar na pasta de Ciência e Tecnologia
Troca certa em dois ministérios
Em pelo menos dois cargos, a presidente eleita tem certeza absoluta de que os ministros não vão continuar. O de Ciência e Tecnologia ; Sérgio Rezende avisou ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, que não deseja permanecer ; e o da Saúde. A presidente está mesmo disposta a tirar José Gomes Temporão. Ele não vai sair por suas qualidades de sanitarista, mas pela necessidade que a presidente eleita tem de colocar ali alguém que seja mais identificado com ela e que dê uma lufada de novidade ao setor. É nesse sentido que a aposta geral ontem era a de que o PMDB não ficará mais com a Saúde, a não ser que o governador do Rio, Sérgio Cabral, acerte isso com a presidente eleita. O PMDB, da sua parte, prefere manter a pasta de Comunicações.

Nas reuniões que fizeram ontem, os peemedebistas se mostraram decididos a pedir a Dilma que mantenha o partido com pelo menos cinco postos de destaque no governo. Dois para a bancada da Câmara ; o Ministério da Integração Nacional, para onde têm o nome do deputado Marcelo Castro (PI), e o da Agricultura, onde gostariam da permanência do atual ministro, Wagner Rossi. Para a bancada do Senado, os nomes mais cotados são Edison Lobão, de volta ao Ministério de Minas e Energia, e o das Comunicações, para onde iriam Eunício Oliveira ou mesmo o senador eleito do Amazonas, Eduardo Braga. O quinto ministério, a definir, seria a vaga para Wellington Moreira Franco, indicação do vice-presidente eleito, Michel Temer.

Dilma, entretanto, ainda não bateu o martelo sobre os pedidos dos partidos. Discutirá isso na semana que vem, depois de consolidado o desenho final do Planalto e do próprio governo. No caso de Sérgio Rezende, ela está disposta a manter a pasta com o PSB. Mas ela ainda não recebeu os nomes a serem indicados pelo partido, até porque Eduardo Campos, que conversou com Dilma nos últimos dois dias, quer primeiro saber que cargos caberão aos socialistas para depois apresentar nomes. O PSB já deixou claro que gostaria de assumir a Integração, retomando um território conquistado pelo PMDB. Dilma não disse que sim nem que não.

Sobre os nomes do PSB, conforme adiantou o Correio há alguns dias, está fechado que Ciro Gomes não será indicado pelo partido. Se vier a ocupar algum cargo no governo Dilma, será por escolha pessoal da presidente. Geddel Vieira Lima está na mesma situação. Derrotado para o governo da Bahia, ele não será indicado para um cargo de primeiro escalão. Mas, ao contrário do PSB, o PMDB não pretende deixá-lo ao relento. Assim que passar a temporada de escolhas do primeiro escalão, a ideia de alguns peemedebistas é sugerir o nome de Geddel para diretoria de empresas estatais. Qual delas eles ainda não sabem. Só têm a certeza de que não será qualquer uma. (DR)