[VIDEO1]A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, fará sua estreia no cenário internacional nesta quinta-feira (10/11) com o início das atividades oficiais da reunião de cúpula do G20, que inclui os países ricos e emergentes, em Seul, centradas em evitar uma guerra cambial.
Ao lado de seu mentor político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a futura governante da maior economia da América Latina foi convidada a participar em todos os eventos oficiais da reunião, começando pelo jantar de chefes de Estado e de Governo de quinta-feira, informou o secretário adjunto de Comunicação do governo brasileiro, Carlos Vilanova.
Rousseff desembarcou em Seul nesta quarta-feira ao lado do ministro da Fazenda Guido Mantega, em um voo comercial, já que não integrou a comitiva da Lula a Moçambique. O presidente chegará à capital sul-coreana na madrugada de quinta-feira.
A reunião do G20 acontecerá na quinta-feira e sexta-feira em Seul, tendo como prioridade os desequilíbrios cambiais no mundo.
No G20, Rousseff, uma economista de 62 anos, se alinhará com a mensagem do governo Lula, crítico das medidas americanas e chinesas que mantêm desvalorizadas suas moedas e afetam assim as economias emergentes exportadoras, das quais o Brasil se tornou porta-voz no grupo.
"Não há uma solução individual para o problema cambial", afirmou Dilma Rousseff na semana passada, quando defendeu uma solução negociada no G20 para evitar o que Mantega qualificou de "guerra cambial" no mundo.
O Brasil insistirá no G20 na adoção de mecanismos de controle do sistema financeiro global para evitar abusos como os que levaram à crise de 2008 e 2009.
Também deve mencionar a ideia de um mecanismo de monitoração das taxas de câmbio, com o objetivo de evidenciar os países que adotam medidas para desvalorizar suas moedas.
Na sexta-feira o G20 deve se comprometer a manter as taxas cambiais mais determinadas pelo mercado, segundo um primeiro rascunho de declaração obtido pela agência Dow Jones Newswires.
Eleita em 31 de outubro, Dilma Rousseff comandará a oitava maior economia do mundo a partir de janeiro e estará sob forte pressão de exportadores e industriais para conter a hipervalorização do real, que ganhou mais de 35% em relação ao dólar desde o início de 2009.
Com uma taxa básica de juros de 10,75% - uma das maiores do mundo - e um mercado interno de consumo atrativo, o Brasil é uma das nações emergentes mais preocupadas com a eventual formação de bolhas especulativas a partir do incessante fluxo de divisas que recebe.
A preocupação se viu agravada depois que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou na semana passada uma injeção de 600 bilhões de dólares no circuito financeiro através da compra de bônus do Tesouro como mecanismo para incentivar o crédito e o consumo na economia americana.
O governo Lula adotou várias ações para conter a valorização do real.
Mas a taxação ao capital estrangeiro aplicado em renda fixa e as compras e injeção de dólares no mercado pelo governo não conseguiram conter a valorização do real.
O governo também tenta evitar a perda de competitividade dos exportadores. Em setembro, o superávit da balança comercial brasileira caiu 40% na comparação com o mesmo período de 2009, apesar de uma demanda externa sustentável.
No Brasil, os setores produtivos e os economistas querem do governo Dilma Rousseff um corte nos gastos públicos, que detenha a expansão do onipresente Estado na economia, como mecanismo para atenuar a pressão sobre o real.
Até o momento, Rousseff não tem contatos previstos com Seul. O presidente Lula deve conceder uma entrevista coletiva na quinta-feira, antes do jantar de abertura do encontro de cúpula.