O governo está atrasando uma solução para o caso da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra na Comissão de Ética Pública da Presidência da República. O relator das denúncias, Fábio Coutinho, ainda aguarda informações de órgãos da administração federal para finalizar o seu voto. Erenice é acusada de nomear parentes para cargos públicos e comandar um esquema de tráfico de influência no governo. Uma reunião da comissão está agendada para a próxima segunda-feira. O assunto deveria ser tratado na pauta do penúltimo encontro do ano dos conselheiros. Mas o relator não garante a presença na pauta.
;Esse material é essencial para o voto no mérito. Precisamos das informações dos órgãos que já estão fazendo apurações, interrogando os envolvidos. Não há como a gente se manifestar do ponto de vista ético sem conhecer todas as situações;, afirma Fábio Coutinho. A Controladoria-Geral da União (CGU), a Polícia Federal (PF), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Procuradoria- Geral da República (PGR) foram oficiados, no mês passado, mas não deram retorno. O comando da Casa Civil e a cúpula da campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), queriam mesmo que os resultados das investigações só fossem divulgados depois das eleições, evitando, assim, mais desgastes.
O Correio procurou todos os órgãos citados. O TCU informou que ainda não concluiu o levantamento dos dados referentes a ex-ministra. Às vésperas da eleição, a CGU divulgou parte das auditorias referentes aos contratos que derrubaram Erenice Guerra. Das cinco notas técnicas, apenas uma indicava indícios de irregularidades. O órgão de controle não respondeu a reportagem, assim como a PF e a Procuradoria da República.
Patrimônio
No início de setembro, os conselheiros da comissão puniram Erenice com ;censura ética;. A ex-ministra não encaminhou à Presidência da República a Declaração Confidencial de Informações (DCI) quando assumiu a chefia da Casa Civil. O documento traz informações sobre o patrimônio e as relações pessoais das autoridades. Erenice apresentou um pedido de reconsideração, que foi negado pelo relator. A votação foi unânime.
A atuação de Erenice também é alvo de uma sindicância interna na Casa Civil. As apurações foram prorrogadas. A comissão instaurada para investigar o suposto envolvimento da ex-ministra ganhou um mês, a partir de 18 de outubro, para terminar as investigações. A PF também não concluiu o caso. Pediu mais prazo. Erenice depôs em 25 de outubro na sede da polícia.