O inferno astral do empresário e deputado federal Edmar Moreira, hoje filiado ao PR, começou no início do ano passado, a partir de sua decisão de desafiar a cúpula do seu antigo partido, o DEM, e se candidatar à segunda vice-presidência da Câmara dos Deputados, que responde também pela corregedoria da Casa. Os Democratas tinham como candidato oficial o deputado Vic Pires, mas foi Moreira que, numa candidatura independente, ganhou o cargo. Não esquentou a cadeira, no entanto. Em fevereiro foi obrigado a renunciar em razão de uma série de escândalos. Moreira alega que a razão foi a falta de apoio do DEM para o exercício do cargo.
Coincidência ou não, foi a partir da sua vitoriosa candidatura que teve início a série de acusações. A primeira delas, a propriedade do castelo, que não teria sido declarado à Receita e a Justiça Eleitoral. Moreira se defendeu dizendo que, na verdade, a construção tinha sido transferida para seus filhos, Júlio e Leonardo Moreira. Em carta, enviada ao presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP), o deputado se disse vítima de "inverídicas imputações" e afirmou que seu desligamento do cargo na Mesa Diretora era irretratável.
Mas os ataques se estenderam também ao uso da verba indenizatória. Edmar Moreira foi acusado de usar o recurso público para pagar despesas de segurança. Segundo a Câmara, o parlamentar gastou, entre 2007 e 2008, R$ 230,6 mil do recursos para pagar duas empresas de sua propriedade sem comprovação da efetiva prestação dos serviços. O parlamentar argumenta que apresentou notas fiscais das empresas Itatiaia e Ronda, como exigido pelas normas da Câmara em relação à verba indenizatória. O rolo compressor contra o deputado trouxe à tona ainda os processos que Moreira responde por apropriação de verba previdenciária de seus funcionários e ainda os processos trabalhistas, em razão do fechamento de uma de suas empresas em São Paulo, deixando, à época, seus bens indisponíveis. O alívio para Moreira veio somente cinco meses depois de sua renúncia, em julho de 2009, quando ele foi absolvido pelo Conselho de Ética por nove votos contra quatro a favor de sua cassação.