Os últimos detalhes ainda estavam sendo acertados, na tarde de ontem, no Palácio do Planalto. Funcionários limpavam alguns vidros, trocavam uma ou outra lâmpada e passavam pano nos novos pisos de mármore. Quase um ano e meio depois do início das obras de recuperação do prédio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta hoje a despachar no prédio inaugurado em 21 de abril de 1960. No lugar dos R$ 78 milhões orçados inicialmente, a União será obrigada a desembolsar cerca de R$ 111 milhões.
As mudanças estruturais mais significativas, como antecipou o Correio no último sábado, estão no terceiro andar ; onde ficam os gabinetes da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais, a Secretaria de Comunicação Social e de Segurança Institucional ; além do subsolo, que ganhou duas garagens com espaço para 500 veículos. Nos fundos do prédio, uma estrutura foi construída para abrigar mais saídas de emergência, exigência feita pelos bombeiros.
A decoração, que ficou a cargo de uma comissão presidida pelo diretor de Documentação Histórica da Presidência, Cláudio Soares Rocha, é composta somente por obras de artistas brasileiros. Os móveis projetados por estrangeiros deram lugar a peças de representantes tupiniquins. Grande parte da mobília usada no gabinete do presidente Juscelino Kubitschek foi recuperada em diversos órgãos públicos de Brasília e restaurada.
A comissão chegou a apresentar uma opção com esses móveis a Lula, mas o petista preferiu manter o gabinete utilizado desde que assumiu o mandato, com móveis que, apesar de terem sido fabricados na época de Getúlio Vargas, não chegaram a ser utilizados pelo gaúcho. As salas de Lula também ganharam vidros blindados. Um ambiente conhecido como Salão Oval, onde são realizadas as reuniões ministeriais, ganhou o nome de Sala de Reunião Suprema, em homenagem a uma mesa desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer que está no local.
A comissão, aliás, teve problemas, no fim do ano passado, com representantes do escritório do famoso arquiteto. A equipe de Niemeyer havia sugerido móveis com design mais moderno, com tonalidades cinzas e barras de borracha preta. A sugestão acabou rechaçada. ;Fizemos questão de manter um padrão nos gabinetes dos ministros e dos secretários executivos;, afirmou Rocha. ;As peças de artistas estrangeiros estão guardadas em depósitos e serão encaminhadas para casas de ministros e para outros prédios do governo federal;, completou.
No terceiro andar do Palácio do Planalto havia um jardim de inverno com azulejos do artista Athos Bulcão. O espaço foi desfeito para dar lugar a um vão livre, com vista para a Praça dos Três Poderes. Na hora de retirar os azulejos, no entanto, os profissionais tiveram dificuldade para manter o painel ileso. Resultado: somente 54 azulejos ficaram intactos. Eles foram levados para a Fundação Athos Bulcão, que produziu réplicas que foram colocadas nas saídas dos elevadores no último piso do palácio.