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Politica

Homônimos dão dor de cabeça a candidatos

Alguns candidatos a deputado estadual e federal devem estar torcendo ainda mais para que o eleitor mineiro preste bastante atenção na hora de digitar seus números na urna eletrônica. É que eles têm nomes iguais ; ou muito semelhantes ;, o que pode acabar confundindo um eleitor mais desatento. Dezessete postulantes à Assembleia Legislativa ou Câmara dos Deputados encaixam-se nos casos de homônimos. Alguns deles se divertem com a situação ; enquanto outros não estão nada satisfeitos.

É o caso do deputado estadual Célio Moreira (PSDB), que disputa a reeleição com dois xarás: Célio Moreira da Silva (PMDB) e professor Célio Moreira (PTN). ;Já disputei quatro eleições, e a prioridade para usar o sobrenome Moreira deveria ser minha. São candidatos parasitas querendo pegar meu nome;, acusa o parlamentar. Segundo ele, os adversários estariam visitando suas bases eleitorais para confundir o eleitor. Em disputas anteriores, ele acredita ter perdido cerca de 7 mil votos com a estratégia.

Outro Célio Moreira, o da Silva, tem discurso semelhante. Vereador em Uberlândia, o candidato a deputado estadual diz estar ;preocupado; em perder votos para o concorrente. Isso porque ele é conhecido nas suas bases apenas como Célio Moreira. Na eleição passada ele teve que incluir o ;da Silva; por causa de uma ação ajuizada pelo xará. E, assim como o deputado, reclama que o eleitorado está sendo levado pelo adversário a confundir os candidatos.

;Ele (o deputado estadual Célio Moreira) está divulgando material dele, sem foto, em minhas bases;, argumenta. O vereador aponta como sua zona eleitoral o Triângulo Mineiro, o setor de transportes e a igreja cristã Maranata ; que tem cerca de 350 unidades em Belo Horizonte e região metropolitana e mais de 1 mil em toda a Minas Gerais. O professor Célio Moreira (PTN), que também disputa uma vaga na Assembleia, não foi localizado pela reportagem.

Pior aconteceu com o candidato João Gonçalves Filho (PMN), 48 anos. Homônimo de um ex-funcionário público de Santa Catarina, ele teve o pedido de registro de candidatura impugnado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) com base na Lei Ficha Limpa, que proíbe a participação nas eleições de condenados por colegiado de juízes por crimes contra a administração pública, problemas com a Justiça eleitoral e criminal e também de demitidos do serviço público.

Nascido em Belo Horizonte, João Gonçalves Filho apareceu na lista dos impugnados em razão de uma expulsão do serviço público. Dias depois, o MP reconheceu o erro: a impugnação foi feita baseada em banco de dados nacional com informações do Tribunal de Contas da União (TCU) e Advocacia Geral da União (AGU) sobre administradores, agentes públicos e servidores impedidos de disputar as eleições. Esse cruzamento é feito com base apenas no nome.

Dois ;Marco Antonio; se enfrentariam nas urnas em busca de uma vaga de deputado estadual. O Ferreira Ramos, pelo PMN, e o Resende, pelo PPS. Mas o socialista pode respirar aliviado. O primeiro do PMN, desistiu recentemente da disputa. ;O coeficiente eleitoral é muito alto, e estou sem condições financeiras para pagar a campanha;, justificou. Sobre a coincidência de nomes, foi taxativo. ;Nomes parecidos são perturbadores. Mas meu nome é mesmo muito complicado, tem muito Marco Antonio por aí;, afirmou.

O Marco Antonio Resende, que mantém a candidatura, disse que nem sabia do adversário de mesmo nome. E não vê qualquer problema na situação. ;Quem vai votar em mim me conhece e sabe das minhas ideias. Da minha parte, acho que não atrapalha em nada (nomes iguais). De repente, vai até me ajudar;, brincou.

Confusão

O cobrador de ônibus Aelson Neves (PMDB) tenta chegar pela primeira vez à Assembleia Legislativa e se diverte com a semelhança com o nome do ex-governador Aécio Neves (PSDB), que disputa uma vaga para o Senado. Como o quase xará é muito conhecido, ele não acredita que vai ganhar votos graças ao nome quase ilustre. ;Nem vou explorar o nome, porque somos muito diferentes. Ele é um político conhecido, enquanto eu sou um cidadão comum;, afirmou. Mas Aelson Neves também teve seus segundos de fama. No comício realizado na terça-feira, em Belo Horizonte, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele foi apresentado no palanque, arrancando risos dos presentes.

Também se apresentam para a disputa Welington Rodrigues Gonçalves (PTC) e Welington José Menezes Alves (PC do B) ; o dr. Welington e Welington, respectivamente. E na verdade a confusão ia ser ainda maior: o candidato comunista só não foi registrado com o título de doutor por engano. ;Sou doutor também, sou advogado;, justifica. Para ele, a coincidência não trará confusão para o eleitor, pois já disputou duas eleições (1992 e 1996) e é bem conhecido em sua base, a Zona da Mata e Alto Paraopeba. O xará de urna não foi localizado pela reportagem.

A foto ; que aparece no visor da urna eletrônica assim que o número é digitado ; é outra arma que poderá ajudar o eleitor e o candidato que não quer ser confundido com adversários. É o caso de Zé Luiz (PSL) e José Luiz (PMN). A semelhança não preocupa José. A campanha dele está sendo feita na capital com o nome de Lu ; apelido entre seus conhecidos ; e José Luiz nas cidades onde tem familiares. ;Tenho lugares certos para fazer campanha e disputar votos. Então acredito que o nome parecido não vai fazer muita diferença para a minha votação;, diz.