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Politica

Sem coligação com partido algum, falta combustível eleitoral para alavancar a candidatura de Marina Silva

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, enfrenta um isolamento político na busca por votos que já compromete a campanha nas cidades que visita. Ela se coloca como opção à esquerda de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB), mas os próprios partidos dessa linha ideológica refutaram a possibilidade de apoio ao PV e decidiram lançar candidatos próprios na corrida presidencial. A candidatura de Marina, inclusive, foi decisiva para que a Frente de Esquerda, formada em torno da postulação de Heloisa Helena (PSol) à Presidência em 2006, não se repetisse neste ano.

Sem coligação, o PV entrou sozinho na disputa, e o preço da empreitada, além do curtíssimo tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio (um minuto e 24 segundos), é a pequena mobilização de militantes e de eleitores nas cidades visitadas por Marina. A defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (ela foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008), a aproximação ao grande empresariado e a concordância com a política econômica em vigor há 16 anos afastaram o PSol, o PSTU e o PCB da candidatura de Marina. Para essas legendas socialistas, que formaram a Frente de Esquerda em 2006, o discurso ambiental da presidenciável não convence.

No período de pré-campanha, o PSol cogitou estar ao lado do PV. Candidata ao Senado por Alagoas, a presidenta do partido, Heloisa Helena, era a principal entusiasta da ideia. A coligação não vingou, o Psol lançou candidato próprio ; Plínio Arruda Sampaio ; e as outras siglas de esquerda seguiram o mesmo caminho. ;Marina foi decisiva para a fragmentação da frente;, afirma Zé Maria, candidato do PSTU à Presidência. ;Se a esquerda se unisse, jamais seria em torno de Marina. Ela é, no máximo, de centro, e quer conciliar o inconciliável: capitalismo e meio ambiente;, reitera o presidenciável do PCB, Ivan Pinheiro.

O apoio que o PV recebeu do PSDB e do DEM no Rio em torno da candidatura de Fernando Gabeira (PV) ao governo estadual foi decisivo para o distanciamento dos partidos de esquerda. Heloisa Helena manteve os elogios a Marina, o que rachou o PSol. ;A Marina que fez acordo com o PSDB é a mesma Marina a quem o PSol quis se coligar;, critica Plínio Arruda.

Em 2006, Heloisa Helena recebeu 6,57 milhões de votos no primeiro turno ; 6,85% dos votos válidos. Ficou à frente de Cristovam Buarque (PDT) e atrás de Lula (PT) e de Geraldo Alckmin (PSDB). Quatro anos depois, os partidos de esquerda estão divididos e Marina Silva, isolada. ;Marina era governo quando foram aprovados os transgênicos, a transposição do Rio São Francisco e o arrendamento da Amazônia para madeireiras. Que defesa do meio ambiente é essa?;, questiona Zé Maria. ;Ela não é socialista, apoia um governo de direita;, endossa Plínio Arruda.


PATERNIDADE CONTESTADA
A equipe de campanha de Marina Silva entrou na briga pela paternidade dos medicamentos genéricos no Brasil. Um texto postado no blog da candidata () sustenta que Eduardo Jorge (PV), secretário municipal do Meio Ambiente de São Paulo, é o autor da lei que instituiu os genéricos, em 1991. Nesta semana, Dilma Rousseff (PT) disse que o pai da proposta é o ex-ministro Jamil Haddad (PSB), seu aliado. E José Serra (PSDB) diz ser o idealizador dos genéricos no país.