Enquanto em Belo Horizonte candidatos fichas-sujas tentam manter o poder lançando parentes para concorrer em seu reduto eleitoral, em Montes Claros a oposição foi mais rápida. De olho nos votos do ex-prefeito Athos Avelino (PPS) ; que teve a candidatura impugnada ;, o deputado estadual Ruy Muniz (DEM) lançou na quinta-feira a candidatura da mulher Tânia Raquel de Queiroz Muniz (PTN), a uma vaga na Assembleia Legislativa. O próprio deputado Ruy Muniz admitiu a estratégia.
"Se o Athos for candidato, a Raquel vai desistir e apoiá-lo. Caso ele não seja candidato, ela será candidata a deputada estadual." Ele deixou escapar, entretanto, que considera difícil que o ex-prefeito viabilize a sua candidatura, chegando a usar a expressão "quase inviável". E emendou: "Não podemos jogar um mandato de deputado estadual fora. Além disso, eu e o Athos estamos do mesmo lado, na oposição. Temos que posicionar fortemente para 2012".
O deputado do DEM disse ainda que falou com o ex-prefeito sobre o lançamento da candidatura de Raquel Muniz. A reportagem do EM tentou, mas não conseguiu contato com Athos Avelino, para confirmar se houve a conversa com Ruy Muniz. Porém, o advogado de Avelino, Otávio Batista Rocha, afirmou que seu cliente, por enquanto, trabalha somente em prol da sua própria candidatura, com entendimento de que sua questão está "pendente de julgamento".
Dono de um cacife eleitoral expressivo, por ser o principal opositor à atual administração, o ex-prefeito de Montes Claros teve a sua candidatura a deputada estadual impugnada, tendo em vista que ficou inelegível por três anos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), por denúncia de uso do poder econômico e político na eleição de 2008, quando estava à frente da prefeitura e não conseguiu a reeleição. Ele entrou com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para escapar dos efeitos da Lei da Ficha Limpa, que foi negado pelo ministro Ayres Britto. O advogado de defesa de Athos disse que recorreu e tem esperança de alterar a situação e que ele "está em campanha".
Mas a estratégia de Ruy Muniz pode estar com os dias contados. A candidatura de Raquel Muniz também foi impugnada, porque a comissão executiva do diretório estadual do PTN excluiu o nome dela da lista de candidatos do partido encaminhada ao TRE. Ela já recorreu. O presidente regional do PTN, José do Carmo Vieira, disse que o impasse surgiu porque, primeiramente, houve um acordo para que Raquel fosse candidata ao Senado, numa coligação entre o PTN e PHS e, "na última hora", se lançou candidata a deputada estadual. "Mas, como a questão está sendo tratada judicialmente, vamos esperar. O que for decidido pelo TRE, nós vamos acatar", afirmou Vieira. Mesmo com o problema em relação à candidatura da mulher, Ruy Muniz negou existência de disputa interna no PTN. "Temos uma boa relação com a direção do PTN, que recomenda a candidatura da Raquel."