Jornal Correio Braziliense

Politica

De eleição em eleição, candidatos enriquecem e empobrecem numa rapidez impressionante

Tem deputado que %u201Cperdeu%u201D R$ 257 milhões

A declaração de bens dos candidatos é uma informação valiosa para a decisão dos eleitores, mas não é levada a sério por todos aqueles que concorrem a mandatos eletivos. O valor do patrimônio pode variar dezenas de vezes de uma eleição para outra. Há casos de candidatos que declaram os bens, mas não os seus valores. A maior ;perda; patrimonial teria ocorrido com o deputado Camilo Cola (PMDB-ES). Segundo as informações entregues à Justiça Eleitoral, caiu de R$ 259 milhões, em 2006, para apenas R$ 1,5 milhão nesta eleição. Na realidade, o deputado não ficou menos rico. De eleição em eleição, fazendas, apartamentos, empresas mudam de valor num passe de mágica. O papel aceita tudo. A declaração apresentada pelo deputado Camilo Cola, 87 anos, ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) mostra que o parlamentar teria empobrecido drasticamente nos últimos quatro anos. A redução de 99,39% no valor total dos bens chama a atenção, mas a realidade não confere com o que está no papel. Os mais de R$ 200 milhões declarados em 2006 ainda existem e continuam pertencendo à família do deputado, dono da Viação Itapemirim. A justificativa, segundo o contador de Camilo Cola, é que os bens estão incluídos em inventário pendente de conclusão. A partilha começou a ser feita depois que a mulher do deputado morreu, em março de 2008. Metade da bolada ficará com ele e a outra metade será repartida entre os dois filhos. ;Adequação; O patrimônio do deputado Osvaldo Reis (PMDB-TO) cresceu de R$ 3,1 milhões para R$ 22,7 milhões nos últimos quatro anos. O valor da maior propriedade rural do deputado, a fazenda Ozara, de 2,5 mil hectares, pulou de R$ 250 mil, em 2006, para R$ 4,8 milhões neste ano. A participação na construtora Transmilha Terraplanagem, que estava estimada em R$ 98 mil, agora vale R$ R$ 4,3 milhões. Questionado pelo Correio, o deputado afirmou que a declaração de 2006 foi feita com base nas declarações do Imposto de Renda, que estariam desatualizadas, com o valor do momento da compra. Agora, teria sido feita uma ;adequação; aos valores de marcado. Ou seja, a informação prestada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2006 não era real. Aconteceu o inverso com o patrimônio do deputado Lázaro Botelho (PP-TO). Sofreu uma redução de R$ 3,7 milhões para R$ 672 mil em quatro anos, segundo a declaração ao TSE. O preço da fazenda Ipê, curiosamente, caiu de R$ 2 milhões para R$ 219 mil. O valor da casa em Araguaína passou de R$ 200 mil para R$ 48 mil. Mas o deputado não apresenta a tese de adequação ao valor de mercado. ;Está errado, realmente;, disse o deputado, por intermédio da sua assessoria. Ele afirmou que houve um equívoco (não disse de quem) e que será feita a alteração no TSE. No caso do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), o patrimônio cresceu de R$ 238 mil para R$ 6,8 milhões. Todos os imóveis (apartamentos, casas, glebas de terra) e participações em empresas que aparecem na declaração de 2006 foram mantidos neste ano, com os valores exatamente iguais. Mas ele passou a ser proprietário de cotas na Agropecuária Satel, no valor de R$ 4,5 milhões. Também comprou uma Cherokee por R$ 180 mil. Paulo Magalhães (DEM-BA) viu o seu patrimônio crescer de R$ 217 mil para R$ 14 milhões. Ele disse que ganhou uma ação na Justiça contra um banco que administrava o Pesqueiro Porto Seguro, do qual é sócio. Ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR) teve sorte diferente de Camilo Cola. Considerado o ;rei da soja;, Maggi viu seu milionário patromônio saltar de R$ 35,2 milhões para nada menos que R$ 152,4 milhões ; um incremento de 332%. Na declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral para se candidatar ao Senado, ele informou ter comprado cotas da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), avaliadas em R$ 109 milhões. Maggi também demonstra ser solícito aos pedidos de amigos. Emprestou R$ 9,7 milhões para sete pessoas ou empresas.