Jornal Correio Braziliense

Politica

Com Dilma ou Serra, PMDB será governo

Caso a petista seja derrotada nas urnas em outubro, peemedebistas acreditam que o partido vai compor a base de um eventual mandato do tucano

Com os pés na campanha de Dilma Rousseff (PT) e alguns braços nos palanques de José Serra (PSDB), o PMDB torce para chegar ao Palácio do Planalto com Michel Temer, vice da presidenciável petista. Mas seja quem for o presidente eleito no próximo ano, os peemedebistas são unânimes ao dizer que o partido vai compor a base do governo. Se Dilma vencer as eleições, o céu de brigadeiro do PMDB ficará completo. O partido já se prepara para fazer indicações na composição do governo e barganhar cota maior de cargos ministeriais com os petistas. No Congresso, a sigla trabalha com a possibilidade de eleger 110 deputados federais e já tem nome engatilhado para emplacar no comando da Câmara. "A Presidência da Câmara é do PMDB. Temos a expectativa de fazer a maior bancada e já existe acordo prévio pelo nome do Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O primeiro biênio é do PMDB e depois será a vez do PT", resume o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas uma vitória de Serra não compromete os planos do PMDB, segundo Cunha. "A gente luta por ela, mas se a presidenta não for a Dilma, podemos até manter o mesmo tipo de acordo para a Presidência da Câmara." Os acordos multipartidários da sigla e a divisão dos aliados entre palanques tucanos e petistas funcionam como estratégia de aproximação dos dois presidenciáveis. Se os tucanos elegerem o próximo presidente, aliados de primeira hora de Serra, como o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), o governador André Puccinelli (PMDB-MS) e o presidente do partido em São Paulo, Orestes Quércia, fariam o papel de integrar a legenda a um possível governo tucano, explica o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Se o Serra ganhar, ele (o PMDB) continua no governo. Até porque a tradição do PMDB é essa aderência, vai devagarinho, vai costurando. Em um primeiro momento prevalece quem trabalhou para o presidente vencedor. Mas nós temos gente trabalhando para o Serra e para a Dilma". Oposição O deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), presidente da Comissão Mista de Orçamento, afirma que apesar de Temer estar oficialmente do lado de Dilma, o peemedebista lida bem com os correligionários que decidiram apoiar Serra na disputa de outubro. Moka é pré-candidato ao Senado pelo Mato Grosso do Sul e, ao lado do governador Puccinelli, deve pedir votos para o tucano no estado. A situação confortável do partido no próximo ano também é destacada pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). O mineiro argumenta que apesar de PMDB e PT caminharem formalmente juntos na eleição deste ano, no Congresso jamais a bancada dos partidos formaria oposição ao governo. "Se Dilma não ganhar, o PMDB terá que rever seus planos. O Serra ganhando, o partido fica em uma situação de cautela, mas não se governa sem o apoio do PMDB. Se o PT e o PMDB estiverem na oposição, fica muito difícil para o governo alcançar qualquer tipo de tramitação saudável no Congresso. Todo governo vai querer o PMDB na sua base, então o Serra vai certamente se aproximar." No Senado, a indicação do presidente da Casa é feita pelo critério da maior bancada. O senador José Sarney (PMDB-AP) também será substituído em 2011. Nos corredores do Congresso, a piada do momento é que independentemente de Serra ou Dilma, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) deve manter o posto de líder do governo. Jucá transita bem entre tucanos e petistas e já foi vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Casa, antes de virar aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O peemedebista também é cotado para ser o novo presidente do Senado. A barreira de Ayres Brito » O vice-presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, rejeitou recursos de quatro políticos que pretendiam driblar a Lei da Ficha Limpa. O deputado federal João Pizzolatti Júnior (PP-SC), que tentava a reeleição, o ex-prefeito e ex-vice de Montes Claros (MG), Athos Pereira e Sued Botelho, e o candidato a vereador paranaense Juarez Oliveira tiveram os pedidos de registro negados. "Se não é qualquer condenação judicial que torna um cidadão inelegível, mas unicamente aquela decretada por um 'órgão colegiado', apenas o órgão igualmente colegiado do tribunal ad quem é que pode suspender a inelegibilidade." O argumento foi utilizado para rejeitar o recurso do ex-prefeito e ex-vice de Montes Claros. Já o candidato a vereador teve o pedido negado porque não cabe ao STF examinar casos de liminar que busquem atribuir efeito suspensivo a recurso especial eleitoral.