Às vésperas da convenção que confirmará a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República, os petistas enfrentam uma rebelião interna. A crise foi deflagrada depois que o diretório nacional do partido interveio no Maranhão e forçou o apoio dos militantes à reeleição de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do estado. Em protesto contra a decisão, petistas maranhenses anunciaram vigília pública em quatro cidades ; São Luiz, Imperatriz, Bacabal e Caxias. Mais radical, o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA) anunciou greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados.
Conforme já era previsto, a direção nacional do PT decidiu intervir no Maranhão nessa sexta-feira, depois de quatro horas de debate, por 43 votos a 30. Seguindo acordo fechado com o PMDB, o comando petista votou pela derrubada da pré-aliança formada no estado em torno da candidatura ao governo do deputado federal Flávio Dino (PCdoB). Antes mesmo da reunião nacional, Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já haviam fechado acordo com os Sarneys. ;Estamos preocupados é com a chance da Dilma colocar de 2 a 3 milhões (de votos) de frente no Maranhão. A melhor forma é ter um palanque que assuma integralmente a candidatura de Dilma, que é o palanque da Roseana;, explicou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
O Maranhão era tido como terreno primordial para que PMDB e PT oficializassem o casamento eleitoral. Com o PT maranhense irredutível, o jeito encontrado pelos principais nomes do partido foi levar a decisão ao Diretório Nacional. A intervenção acabou por aumentar a gritaria interna. ;Por que tanto medo de encarar o José Sarney? Se era para estar com ele, poderíamos ter sido menos masoquistas. Passamos 30 anos comendo o pão que o diabo amassou na oposição ao Sarney para acabarmos nos braços dele. Isso é um deboche!”, disparou Domingos Dutra. O deputado prometeu manter a greve de fome até que o diretório nacional reveja a posição ou o expulse do partido.
Reuniões
Abandonado no altar pelos petistas, Dino fez uma série de reuniões emergenciais com o aliado que restou, o PSB. Depois de uma hora de conversa, o deputado soltou uma nota oficial e garantiu que manterá a candidatura. ;A decisão do PT foi um desrespeito ao PCdoB e ao PSB, aliados muito mais antigos do partido do que o PMDB. Mais do que isso, é um desrespeito aos próprios militantes do partido no estado, que já haviam decidido apoiar a minha candidatura;, lamentou Dino. Mesmo com a decisão do Diretório Nacional do PT, o deputado federal tentará atrair o apoio dos principais nomes petistas no estado em um informal ;Movimento do PT com Flávio Dino;.
Mesmo assim, sem o apoio oficial do PT, Dino perde a maior parte do tempo de televisão. Com o candidato do PCdoB enfraquecido, Roseana Sarney deve reeditar o confronto de 2006, com Jackson Lago (PDT), que acabou decidido nos tribunais. Jackson venceu a eleição e assumiu o governo, mas acabou cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado por irregularidades durante a campanha.