A proximidade das eleições e as definições de alianças partidárias nos estados serviram de combustível para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudasse o tom do discurso, ontem, durante o programa de rádio semanal Café com o presidente. O chefe de Estado afirmou que, em breve, usará até os fins de semana para viajar e inaugurar obras. De acordo com ele, o pleno funcionamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fará com que a demanda das viagens aumente de maneira considerável. Ele diz fazer questão de entregar os resultados das construções até o último dia de mandato.
;Tenho consciência que, até o fim do governo, vai crescer a exigência de viagens. Nós temos muitas coisas para inaugurar. O PAC está a todo vapor e a apresentação mais recente do programa foi extraordinária, inclusive com uma amostra da capacidade de investimento e de pagamento que o governo tem com essas obras;, afirmou no programa. ;Daqui a pouco, estaremos viajando sábado e domingo também. Quero entregar o máximo possível de obras que puder até 31 de dezembro;, completou.
Coincidência ou não, Lula incluiu roteiros que interessam, diretamente, à pré-candidata à Presidência da República Dilma Rousseff nas viagens deste mês. Entre os destinos estão São Paulo e Minas Gerais, locais onde a representante petista ainda tem índices de intenção de votos abaixo do esperado pelo partido. O presidente também vai ao Rio de Janeiro ; em duas oportunidades diferentes ;, ao Amazonas, ao Pará e a Pernambuco.
Abraço
A primeira parada explicitamente eleitoral de Lula, segundo uma fonte próxima à Presidência, será na convenção do PMDB, no próximo dia 12, na capital. Na oportunidade, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deve ser anunciado, oficialmente, como candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff. Antes, o mandatário brasileiro faz uma viagem pelo Nordeste, com escalas em Fortaleza, Natal, Maceió, Aracaju e Salvador.
Mais uma demonstração de que o presidente Lula assumiu de vez a entrada na campanha eleitoral de Dilma foi a presença do deputado Michel Temer no evento que marcou o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, ontem, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Temer fez discurso com elogios à política rural do atual governo entre as falas de Lula e do ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
Na saída, quando abordado pela reportagem do Correio, o presidente da Câmara brincou: ;Se for perguntar sobre Agricultura, não adianta porque não entendo nada;. Ao ser questionado o motivo da presença, tentou despistar. ;Só vim dar um abraço em alguns amigos;. Resposta, no mínimo, curiosa, já que o evento contou com a presença de políticos envolvidos diretamente com a agricultura nacional, como o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que não discursou.
O número
12
De junho, escala do presidente na Convenção do PMDB
Ouça a entrevista do presidente Lula ao programa Café com o Presidente
Regras de conduta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto, publicado ontem, no Diário Oficial, com a definição das regras sobre nepotismo na esfera do Poder Executivo. No documento, fica vedada a ocupação de cargos de confiança por parentes do ministro e de pessoas que ocupem vagas em comissão, função de confiança, chefia ou assessoramento nos ministérios ou em órgãos vinculados.
Além disso, fica proibida a contratação de parentes de funcionários sob as condições citadas acima para cargos que são preenchidos temporariamente ou para estagiários. Isso significa que o cônjuge, o companheiro ou o parente consanguíneo ou por afinidade, até o terceiro grau, não podem ocupar as vagas nessas entidades.
Segundo a lei vigente antes do decreto, somente parentes em cargos subordinados diretamente ao servidor não podiam atuar na autarquia. A assinatura do decreto, porém, deixou de fora da proibição as pessoas nomeadas antes do início do vínculo familiar com o servidor. A decisão de Lula também atinge pessoas jurídicas, que não podem ser contratadas diretamente, sem licitação, pelo órgão federal em que trabalhe o administrador ou algum sócio com poder de direção que seja parente ou atue em cargo de comissão ou de confiança na área que demandou a contratação da empresa. (IS)