Jornal Correio Braziliense

Politica

Futuros candidatos têm à disposição um arsenal de produtos e serviços para facilitar a conquista dos eleitores

Os candidatos ainda nem foram oficializados, mas a campanha para as eleições deste ano já começou. E não é para pedir votos, mas para ensiná-los a vencer a disputa nas urnas. Empresas especializadas em marketing eleitoral travam uma verdadeira batalha nos bastidores da política para abocanhar o maior número de clientes entre aqueles que disputarão um mandato em outubro. O esforço é para mostrar ; e convencê-los ; que, na era da modernidade e da tecnologia, é preciso mais do que sola de sapato para conquistar o eleitorado. As ferramentas vão desde o tradicional santinho até ligações telefônicas personalizadas.

Por trás do material que chega aos olhos do eleitor há também um trabalho de planejamento, que consiste em três etapas: definição de todos os passos da campanha, evitando gastos desnecessários; preservação da imagem do candidato; e atuação nas chamadas situações de crise. Há serviços e preços para todos os gostos e bolsos. Os pacotes em oferta no mercado incluem consultoria para análise da campanha e do discurso do candidato, esboço de material gráfico, site na internet e inserções para rádio e televisão ; o que sai em torno de R$ 60 mil.

Quem também quiser o acompanhamento de um profissional durante toda a eleição terá que desembolsar um pouco mais: cerca de R$ 90 mil. Walter Martins, consultor de marketing político e sócio de uma empresa com atuação em quatro estados brasileiros, assegura que um trabalho bem feito ; e por profissionais qualificados ; pode resultar em mais votos para o cliente. ;Um marqueteiro não cria e vende um candidato. Mas melhora e ressalta os seus pontos positivos;, afirma.

Segundo o consultor, o fundamental para quem pretende conquistar um mandato é saber identificar seu eleitor. A partir daí, entre as funções de um consultor está a adequação do discurso e propostas do candidato ao que o eleitor deseja. Para quem vai disputar uma vaga de deputado, por exemplo, podem ser feitas pesquisas sobre leis que ainda precisam ser aprovadas ; e que podem se tornar promessas na campanha.

Antecedência
Há 30 anos atuando no mercado, o consultor de marketing político Marco Íten ressalta que o ideal para quem quer vencer uma disputa eleitoral é planejar a sua campanha com pelo menos dois anos de antecedência. ;É o tempo mínimo para construir a sua relação com a política, com o partido e com a sociedade, encontrando seus nichos eleitorais;, diz. Mas para aqueles que já estão atrasados, Íten tem outras alternativas ; que ele garante serem eficazes.

O primeiro passo é a realização de pesquisas qualitativas para verificar o grau de conhecimento e avaliar a imagem do candidato. Com o resultado em mãos, são definidos quais materiais serão usados na campanha, e de que forma ; é a chamada fase de execução. ;Gente experiente trabalhando evita os tradicionais erros;, ensina. Mas é preciso tirar a mão do bolso: um jingle exclusivo custa em torno de R$ 4 mil. Uma bateria de cinco pesquisas qualitativas para medir o potencial de um candidato da Região Sudeste, por exemplo, não sai por menos de R$ 25 mil.

Um marqueteiro não cria e vende um candidato. Mas melhora e ressalta os seus pontos positivos;
Walter Martins, consultor de marketing político


Para políticos, vendemos só à vista, pois às vezes eles se empolgam, encomendam os serviços, depois perdem as eleições e não pagam;
Juliana Lara, diretora comercial de uma gráfica de Belo Horizonte (MG)



O número
R$ 25 mil
Média de custo de uma bateria de cinco pesquisas qualitativas para medir o potencial de um candidato da Região Sudeste


Oferta para todos os bolsos e gostos

Quem preferir, pode ter uma assessoria sem sair de casa, bastando clicar no mouse do computador. É o que promete uma agência de publicidade e comunicação visual sediada em Teixeira de Freitas (BA). Os candidatos podem encomendar adesivos de carro, santinhos, panfletos, plotagem, envelopamentos e placas de estradas. Os pacotes de serviços variam de R$ 5 mil a R$ 50 mil, dependendo do material escolhido e da quantidade.

E antes de desligar o telefone ao ouvir uma mensagem de telemarketing, pense duas vezes: a gravação pode ser de seu futuro deputado, prefeito, governador e talvez até presidente da República. Algumas empresas já oferecem o serviço de torpedos de voz. O candidato grava mensagens de cerca de 30 segundos e fornece os telefones que deverão receber as ligações, data e horários. O custo do serviço varia pelo DDD e se o número é fixo ou celular ; em média, R$ 0,14 e R$ 0,50, respectivamente.

Na área dos serviços gráficos, a oferta também está a todo vapor. Uma empresa de Belo Horizonte (MG) imprime santinhos, cartazes, revistas e informativos, e sempre aumenta o faturamento em anos eleitorais. Segundo a diretora comercial da companhia, Juliana Lara, até tratamento de foto está incluído nos serviços, quando necessário. A gráfica oferece pacotes e tiragens variadas, ao gosto do cliente, e não abre o preço para evitar a concorrência no mercado. Outra regra básica, segundo Juliana, é a do pagamento à vista. ;Temos um preço competitivo e, para políticos, vendemos só à vista, pois às vezes eles se empolgam, encomendam os serviços, depois perdem as eleições e não pagam;, conta. A única concessão é para candidaturas majoritárias. (IS e JC)