Aos poucos, a indústria cinematográfica de Hollywood, nos Estados Unidos, desce os trópicos para declarar votos aos pré-candidatos à Presidência da República no Brasil. Diretor de Platoon e Nascido em 4 de julho, o cineasta Oliver Stone teve encontro informal com a petista Dilma Rousseff, ontem, quando elogiou o acordo firmado entre Brasil, Irã e Turquia para enriquecimento de urânio. Em meados de abril, James Cameron, diretor de Avatar e de Titanic, já havia discursado ao lado de Marina Silva (PV), que também deve disputar o Palácio do Planalto.
O encontro entre Stone e Dilma durou quase uma hora. O cineasta está no Brasil para o lançamento do documentário Ao sul da fronteira, sobre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com depoimentos de diversos políticos sul-americanos, como Luiz Inácio Lula da Silva e os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Argentina, Cristina Kirchner. Depois de ser barrado ao entrar no país, na segunda-feira, por não portar passaporte, Stone e sua equipe conseguiram na Polícia Federal uma permissão condicional, que autoriza a permanência do grupo por oito dias no país.
Elogios
Após o encontro, nem Dilma nem Stone quiseram falar à imprensa, mas a assessoria da pré-candidata publicou trechos da conversa entre os dois na internet. Um dos destaques mostra elogios do cineasta à política internacional do governo Lula. ;O Brasil é um país muito importante no mundo, como a Turquia, e o que acabaram de fazer no Irã pode não ser muito popular para todos, mas é popular para mim. Nós queremos paz. Nós não queremos uma guerra. E a situação do Irã pode se tornar outro caso como o Iraque. Me parece que os Estados Unidos estão interessados em outra marcha para a guerra;, sublinhou Stone.
Sobre Dilma, o cineasta disse estar ;impressionado; com a pré-candidata. ;Falamos por uma hora e fiquei muito impressionado. Ela é muito inteligente, uma grande cabeça, tem muita informação. Sabe tudo de energia e de economia;, afirmou Stone.
Stone foi o segundo cineasta norte-americano a encontrar com um pré-candidato à Presidência do Brasil. Em meados de abril, James Cameron reforçou o discurso ambientalista de Marina Silva, em manifestações públicas contra a construção da Usina de Belo Monte, no Pará. Na ocasião, o diretor elogiou a presidenciável verde. ;Posso ver claramente o compromisso e a visão dela para o Brasil no futuro;, declarou Cameron na ocasião.
Marina dispara contra Serra e governo
A senadora Marina Silva (AC), pré-candidata do PV à Presidência da República, voltou a criticar o presidenciável José Serra devido às declarações do tucano sobre a Bolívia. Em entrevista ao site UOL, Marina reforçou que o discurso de Serra foi infeliz e carregado de preconceito. ;Talvez se o governo da Bolívia fosse outro que não o do Evo Morales, um índio, isso seria dito com tanta naturalidade. É apenas uma dúvida;, questionou a parlamentar, referindo-se ao fato de o ex-governador de São Paulo ter classificado o governo da Bolívia de ;cúmplice; do tráfico de cocaína para o Brasil. Marina também atacou o inchaço da máquina pública ao comentar o corte de R$ 7,5 bilhões no Orçamento anunciado pelo governo federal. Segundo a senadora, o Estado brasileiro sofre de um ;inchamento; para garantir ;governabilidade artificiais e fisiológicas;. ;Existe uma máquina gigante que precisa ser o tempo todo alimentada. Por que não olhar para ela e combinar eficiência e redução de gasto? É preciso fazer isso, de modo que não se subtraia recursos de onde não pode, como saúde e educação.;