O casamento político entre PT e PMDB para viabilizar o palanque único na disputa ao governo de Minas Gerais terá de ser feito na delegacia. A seis dias da data prevista para as legendas fecharem acordo, petistas e peemedebistas não se entendem nem mesmo sobre quem está na frente nas pesquisas encomendadas para medir o desempenho dos dois pré-candidatos, o ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB) ou o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT). Em meio ao tiroteio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem o recado: a escolha de Hélio Costa para concorrer a governador já está encaminhada e o PT nacional está pronto para intervir, caso o impasse não se resolva.
O emissário escolhido para tranquilizar o presidente do PMDB e da Câmara, Michel Temer (SP), foi o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Segundo ele, os partidos aguardam apenas os resultados das pesquisas para oficializar a situação. O recado de Lula veio para conter o clima de hostilidade entre as duas legendas, que ficou claro nos últimos dias com a troca de farpas feita até mesmo pela internet. Depois do encontro com Padilha, Temer se reuniu com Hélio Costa e lideranças peemedebistas. A avaliação no PMDB é de que Hélio Costa continua à frente de Pimentel e qualquer resultado diferente será no mínimo uma surpresa.
O PMDB vem pressionando a direção nacional do PT no sentido de que, sem o apoio dos petistas à candidatura de Hélio Costa, a aliança com Dilma no plano nacional pode ficar prejudicada. Em Minas, no entanto, partidários de Fernando Pimentel insistem que ele seria o melhor nome para concorrer ao Palácio da Liberdade, o que levou os peemedebistas a ameaçarem com um possível adiamento da convenção do partido, marcada para o dia 12, que sacramentaria Temer como vice de Dilma. ;O estado tem muita força na convenção, tem de se respeitar os mineiros antes de partir para uma decisão mais forte;, indicou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Lula pediu a Padilha que apagasse o pavio aceso em Minas Gerais e garantiu o cumprimento do acordo firmado entre Pimentel e Costa no mês passado, pelo qual foi acertado o palanque único com o escolhido conforme análise de pesquisas eleitorais. Os levantamentos devem ser entregues aos dois partidos até o fim do dia de hoje. ;O PMDB vai se reunir no domingo para analisar a decisão do partido. Se o candidato do PT tiver preferência clara do eleitorado, terá nosso apoio e colocaremos o coração na campanha. Do contrário, exigimos reciprocidade;, afirmou Costa.
O anúncio oficial sobre o candidato do Palácio do Planalto ao governo mineiro será na segunda-feira, depois de reunião entre os presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PT, José Eduardo Dutra. Para líderes do PMDB, a escolha de Costa são favas contadas. ;Ele está liderando as pesquisas, temos um acordo nacional com o PT. A tendência, até pelo que disse o Padilha e o Dutra, é que o Hélio seja anunciado candidato;, aposta Alves.
O presidente do PT de Minas, deputado federal Reginaldo Lopes, no entanto, afirma que o jogo virou e agora Pimentel estaria à frente nas pesquisas encomendadas pelo PT. ;Não há mais diferença. Do ponto de vista quantitativo, hoje o que temos é um empate técnico e no aspecto qualitativo o Fernando é o mais competitivo. Agora queremos discutir de maneira fraterna com o PMDB e entendemos que a possibilidade maior é de o Pimentel ser o candidato;, afirmou.
O senador Hélio Costa (PMDB-MG) fala sobre a sucessão em Minas Gerais