Sete meses depois de fazer festa para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou a cidade para acompanhar o andamento dos projetos de saneamento básico incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Revitalização do Rio São Francisco), Buritizeiro, no Norte de Minas, reclama que as obras estão paradas. Segundo a prefeitura do município, a paralisação foi motivada por dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa que venceu a licitação para a execução das obras: a EGC Construtora Ltda, de Curitiba. A reportagem do Estado de Minas apurou que também houve interrupção dos serviços do PAC Rio São Francisco/Saneamento em mais duas cidades mineiras: Matias Cardoso e Juvenília, e em municípios da Bahia onde a EGC também venceu a licitação.
O prefeito de Buritizeiro, o padre Salvador Raimundo Fernandes (PT), disse que desde 12 de abril a empreiteira suspendeu os trabalhos na cidade e os encarregados foram embora. O projeto prevê a implantação de 100 quilômetros de redes de esgoto, com investimento de R$ 12,5 milhões. Segundo o prefeito, as obras foram iniciadas em maio de 2009 e 65% delas já estão prontas. A previsão inicial era de que os serviços seriam concluídos em setembro próximo. Mas não será mais possível cumprir esse cronograma. Os 68 funcionários contratados pela firma reclamam que estão sem receber salários há mais de um mês. "A empresa virou as costas para a gente. Algumas pessoas aqui estão desesperadas, com água e luz cortadas", reclamou um dos trabalhadores.
O prefeito Salvador Raimundo se queixa de que em várias ruas, onde abriu as valetas para instalar as redes de esgoto, a empreiteira não fez a compactação do terreno, causando transtornos para os moradores. Ele disse que cobrou providências à direção da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), responsável pela gestão das obras de revitalização da bacia, e pediu ajuda de dois deputados federais na tentativa de resolver o problema. E avisou que não vai permitir a retirada de nenhum maquinário da construtora da cidade até que seja buscada uma solução.
A situação é parecida em Juvenília, no extremo Norte de Minas. Segundo o secretário geral da prefeitura, José Carlos Nascimento, as obras do PAC/Saneamento na cidade, iniciadas em janeiro, foram interrompidas na semana passada. Os funcionários que tinham sido contratados pela empreiteira foram mandados para casa sem receber os salários e sem saber o futuro deles e dos serviços. Estão previstos R$ 4,3 milhões para a implantação de 22 quilômetros de redes de esgoto em Juvenília.
O prefeito de Matias Cardoso, João Cordoval de Barros (PT), disse que a EGC praticamente parou as obras de instalação das redes de esgoto na cidade, também inseridas no PAC Revitalização do São Francisco. Os investimentos previstos do programa para garantir o saneamento básico e despoluição do Velho Chico na cidade somam R$ 7 milhões. "Os serviços foram iniciados há seis meses. Mas acho que até agora fizeram somente 10% do previsto", afirmou Cordoval. Ainda segundo o prefeito, além de 40 trabalhadores que estão com salários atrasados há quase três meses, algumas lojas comerciais da cidade (ligadas à construção civil) estão com créditos a receber da empreiteira. Na última sexta-feira, a reportagem ligou para a sede da EGC Construtora, em Curitiba. A secretária disse que não havia nenhum diretor da empresa que pudesse falar sobre o assunto.