A pré-candidata à sucessão de Luiz Inacio Lula da Silva na presidência do Brasil, Dilma Rousseff, apresentou-se nesta sexta-feira (21/5) em Nova York como a responsável pela continuidade e a estabilidade, asegurando que o país está preparado para ser dirigido por uma mulher.
Em Nova York, a ex-ministra e chefe de Gabinete de Lula insistiu sobre a preservação do legado de Lula, cuja principal conquista, segundo ela, foi tirar 14 milhões de brasileiros da pobreza.
"O Brasil vai continuar crescendo, com inclusão e mobilidade social ascendente", disse Rousseff à imprensa após uma conferência em um hotel de Manhattan, onde conversou com empresários e políticos dos Estados Unidos.
Segundo a candidata de Lula, em seu governo o Brasil "manterá a estabilidade macroeconômica por meio do controle da inflação com uma política de metas, do controle fiscal através da redução do endividamento, e com uma política cambial flexível".
Em relação às privatizações, Dilma Rousseff disse claramente que "não se deve privatizar a Petrobras, a Eletrobrás nem outras empresas do setor elétrico".
No entanto, indicou, "somos favoráveis a conceder à iniciativa privada novas centrais hidrelétricas e estradas, quando for mais barato fazê-lo por meio de concessões do que com obras públicas".
Em resposta a outra pergunta, Dilma - que corrigiu várias vezes uma intérprete por traduzir com erros para o inglês o que ela dizia - assegurou que seu eventual governo "manterá a autonomia operacional do Banco Central".
Os erros da intérprete continuaram, depois, exasperando a candidata, até que no final conseguiu substitui-la por outro tradutor mais eficiente. "Traduzo melhor do chinês para o português", comentou.
A candidata insistiu no legado de Lula - principalmente pelo fato de ter tirado vários milhões de brasileiros da pobreza - e na necessidade de preservá-lo.
Segundo ela, uma das principais diferenças em relação ao atual presidente é o fato de ser mulher. "O Brasil está preparado para ser dirigido por uma mulher", acrescentou a candidata.
"De certa forma - disse - o legado de Lula inclui minha presença".
Dilma também afirmou que sua condição de mulher "é algo importante para o Brasil" depois de assinalar que uma das virtudes do sexo feminino é "saber cuidar".
A ex-guerrilheira insistiu em que será cuidadosa em preservar a estabilidade macroeconômica.
Ouvida sobre política externa, Dilma referiu-se ao acordo conseguido durante a semana por Lula com o Irã, que não evitou a promoção pelos Estados Unidos na ONU de novas sanções contra Teerã.
"Nas relações internacionais, ninguém fica decepcionado porque esse é um sentimento que não se aplica à relação entre países", disse, referindo-se ao Brasil e aos Estados Unidos.
No entanto, enfatizou, "o mundo não necessita de uma nova guerra como a que ocorreu no Iraque". "O que procuramos é uma diplomacia que promova o diálogo e a paz".
"Não vemos muitos resultados objetivos, nem com a guerra nem com a política de sanções", comentou a candidata. "Vemos um agravamento da situação". "Em vez de construir muros, é preciso abrir portas", concluiu.