A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de proibir três candidatos ao Senado por coligação provoca mudanças nas composições políticas no Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo. Alianças nos três estados mantinham a decisão da Corte como fio de esperança para conseguir promover a paz interna entre aliados. Sem a possibilidade de acomodar três candidatos a senador, as costuras devem provocar fissuras, com reflexos até nas alianças nacionais.
O TSE fechou as portas para três candidaturas ao Senado em resposta a uma consulta do senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Por unanimidade, os ministros definiram que os partidos integrantes de uma coligação com candidato ao governo estadual não podem se separar para a disputa ao Senado. As legendas terão de definir dentro de uma única coligação dois nomes para o cargo.
O entendimento apresentado pelos ministros atinge, em especial, a campanha para governador no Rio de Janeiro. Duas alianças ao Palácio das Laranjeiras, a do atual governador, Sérgio Cabral (PMDB), e a do deputado federal Fernando Gabeira (PV), pretendiam ter três postulantes ao Senado, para resolver conflitos internos. Cabral buscava um terceiro assento para acomodar o senador Marcelo Crivella (PRB), ao lado dos candidatos Jorge Picciani (PMDB) e Lindberg Farias (PT). O pedido para que Crivella tivesse espaço na chapa peemedebista partiu do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Partido do vice-presidente, José Alencar, o PRB tem reclamado da falta de espaço nas composições estaduais com o PT.
Nordeste
No caso da aliança em torno da candidatura de Gabeira, quem deve ficar de fora da disputa pelo Senado é a atual vereadora carioca Aspásia Camargo (PV). A aliança terá como candidatos Marcelo Cerqueira (PPS) e o ex-prefeito do Rio César Maia (DEM). A intenção de Gabeira era a de ter um terceiro senador na chapa, para não precisar fazer campanha ao lado de Maia. Aspásia deve agora apresentar novo questionamento ao TSE, para tentar reverter a decisão do tribunal. Em princípio, a chapa com Maia e Cerqueira está mantida. ;O acordo foi assinado e nada muda. Cerqueira e Maia serão os candidatos da aliança ao Senado. Tentaremos negociar um outro caminho para Aspásia;, garante Gabeira.
Outras duas alianças estaduais que balançaram com a decisão do TSE foram a de Cid Gomes (PSB), que tenta a reeleição no Ceará, e a de Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta voltar ao governo de São Paulo. No caso do tucano, uma terceira vaga de candidato ao Senado permitiria uma aliança formal com o PTB, que lançará o senador Romeu Tuma candidato à reeleição. A chapa já formada por Alckmin terá Orestes Quércia (PMDB) e Aloysio Nunes (PSDB) para o Senado. Sem o PTB, o partido perde minutos preciosos no horário eleitoral.
No Nordeste, a decisão do TSE acirrou a briga entre os deputados federais José Pimentel (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) por uma vaga ao Senado. Cid Gomes pretende apoiar Tasso Jereissati (PSDB) à reeleição. O outro nome sairá do embate fratricida entre Pimentel e Eunício, dois ex-ministros de Lula.