Jornal Correio Braziliense

Politica

Câmara Municipal de BH recua em compra milionária

A Câmara Municipal de Belo Horizonte recuou e anunciou na terça-feira que cancelou definitivamente a licitação para adquirir 45 impressoras pelo valor de R$ 643.500. Cada equipamento, com custo de R$ 14.300, seria instalado nos gabinetes dos 41 vereadores da capital, a pedido da Mesa Diretora da Casa.

Apesar do freio, outra licitação pública será aberta para adquirir novas impressoras. Desta vez, no entanto, para comprar um modelo bem inferior, estimado entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Engana-se quem pensa que a suspensão da compra atendeu o critério de economia de dinheiro público. Houve o cancelamento porque o revendedor, apesar de ter vencido a licitação, não conseguiu entregar as impressoras no tempo estipulado pelo contrato.

Conforme o Estado de Minas mostrou terça-feira, cada equipamento de última geração pode imprimir 50 mil páginas coloridas em frente e verso por mês em ritmo semelhante à de uma gráfica rotativa, somada a capacidade de trabalho de todas as máquinas. Como mais da metade dos parlamentares da capital já demonstrou interesse em se candidatar a deputado estadual ou federal, a compra cairia como uma luva a pouco mais de cinco meses das eleições. Além de impressora potente, o produto dispõe de uma série de outras funções, como copiadora, scanner colorido e fax, compatível com papel A4, carta, ofício e etiquetas.

Sobre a aquisição de 87 computadores por R$ 539.400, ao custo de R$ 6.200 cada um, a justificativa é que se trata de equipamento moderno, com softwares originais e licenciados, que vão substituir máquinas ;jurássicas;. Cada vereador recebeu dois computadores para usar no mandato. Com outros três que já tinham, são agora cinco por gabinete. Máquinas top de linha, elas têm configuração que permite a elaboração de leiautes para confecção de material de campanha eleitoral, gráficos e ilustrações, tudo em alta resolução. Além de recurso de leitura e gravação de CD, LCD e monitor de 19 polegadas.

Vereadores que pretendem encarar campanha de deputado preferiram não polemizar a respeito dos valores dos novos equipamentos, mas fizeram questão de garantir que os gabinetes não se transformaram em comitês de campanha.

Com 25 anos de Casa, Geraldo Félix, que ocupa o cargo de 1; secretário, disse escutar reclamações frequentes de funcionários se queixando dos equipamentos de informática. ;Não sei quanto custou, mas a infraestrutura aqui é meio precária mesmo. Agora, o sujeito que estiver usando a Câmara para fazer campanha só pode ser louco porque a legislação é muito rígida;, declarou.

Já o vice-presidente, Wellington Magalhães (PMN), transferiu a responsabilidade para a diretoria geral. ;Não tenho nada a ver com essas compras e posso garantir que não estou fazendo campanha com os recursos da Câmara, apesar de ser candidato a deputado;, disse.