O pré-candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, defendeu a autonomia do Banco Central, mas disse que o BC "não é a Santa Sé". Segundo Serra, a instituição pode errar e deve sofrer interferência do governo em casos de erros calamitosos.
As afirmações foram dadas em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (10/5). O tucano chegou a se irritar quando questionado se, caso eleito, vai respeitar a autonomia do BC ou se, na prática, vai acumular o cargo de presidente do Banco Central. "O Banco Central não é a Santa Sé. Você acha que o BC nunca erra? Tenha paciência", afirmou Serra.
O pré-candidato comentou também que, se eleito, vai interferir caso constate erro do Banco Central. "Vejo um erro e não posso falar nada porque eles têm alguma coisa divina, secreta, que não pode nem falar que estão errados. Ah, tenha paciência." Serra afirmou que "se houver erros calamitosos, o presidente tem que fazer sentir sua posição como o governo faz e fez no passado sem que haja ataques de nervosismo".
Sobre uma declaração dada pelo presidente Lula ao jornal espanhol El País de que não há chances de o PT perder as eleições, Serra respondeu que não há nada de anormal em Lula fazer campanha para a candidata dele, mas destacou outra afirmação do presidente como sendo de maior importância. "Ele disse que, com qualquer um que ganhar, não vai haver nada de anormal no país, o que é uma informação importante, que para mim é quase um jogo de terrorismo, de que se a Dilma não ganhar não vai acontecer nada de mais. Agora, quanto a torcer pela Dilma, não há nada de anormal nisso. Lula é o responsável por toda a candidatura da Dilma", comentou.