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Politica

Legendas menores se apoiam nos estados e nos municípios para manter os cofres saudáveis

Na órbita das siglas que dominam o cenário nacional, PP, PR e PTB se apoiam nos estados e nos municípios para fazer girar a máquina partidária. A exemplo do sistema de franquia de marcas famosas, os partidos abrem a possibilidade de expansão dos diretórios se a liderança local se comprometer a respeitar padrões de conduta e de divulgação do nome da legenda.

O modelo de administração descentralizado tornou-se uma estratégia dos chamados partidos de médio porte para sair do vermelho. Com saldo negativo de R$ 171 mil em 2008, o PTB recuperou as contas e conseguiu superavit de R$ 383 mil em 2009 por meio da mão de ferro do presidente da legenda, o deputado cassado Roberto Jefferson. Ele se esforçou para sanar as frágeis finanças com negociatas nos diretórios regionais. Em 2005, durante a crise do mensalão, afirmou que teria recebido R$ 4 milhões do PT para pagar contas do partido.

Com número de filiados e movimentação financeira de partido grande, o PP mantém a estratégia de ;dividir; para administrar a máquina partidária. Em 2009, o partido conseguiu pagar as despesas e guardar R$ 2,4 milhões. Mesmo assim, em alguns municípios do interior, líderes ainda reservam um cômodo da casa para abrigar o diretório da sigla, conta o deputado Ciro Nogueira (PP-PI). Segundo o deputado, durante a presidência do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) o partido organizou as contas.

O tamanho do PP impressiona se comparado ao DEM. Enquanto o PP teve receita de R$ 13,3 milhões, o DEM, considerado o principal aliado tucano nessas eleições, ficou na marca de R$ 1,1 milhão. Apesar de também manterem o perfil de legendas satélites, por atuarem no rescaldo das candidaturas da disputa presidencial, PDT e PPS limitam o grau de autonomia dos diretórios regionais. O líder do PDT na Câmara, Dagoberto Nogueira (MS), conta que a estabilidade financeira da direção nacional facilita o trabalho de controle do partido. ;A nacional hoje tem força, antigamente era mais complicado;. O PDT fechou as contas do ano passado com saldo positivo e é um dos partidos com maior patrimônio.

Distante da realidade milionária dos partidos de grande e médio porte, o PSTU coloca o carro na rua e parte para mais uma disputa presidencial. O pré-candidato e presidente da sigla, José Maria de Almeida, conta que sua campanha não deve custar mais que R$ 350 mil. Zé Maria viaja sozinho, para economizar despesas de transportes das contas do partido, que ultrapassaram R$ 114 mil nas últimas eleições. Em sete estados, o PSTU não têm bases e os diretórios são montados de forma improvisada por militantes e voluntários, por isso não contam com a estrutura de escritórios. ;O nosso partido é diferente dos partidos nacionais. Enquanto Dilma e Serra esperam gastar R$ 250, R$ 300 milhões, vamos fazer com R$ 350 mil. O partido não aceita doações de empresas;, prega Zé Maria. Em 2008, o partido teve receita de R$ 402 mil e R$ 663 mil em despesas.

Um pouco menos ;diferente;, o PSol ensaia a formação de uma máquina partidária. Os diretórios estaduais ainda não chegaram a consenso sobre a possibilidade de receber doações de grandes empresas. Com folha de pagamento R$ 63 mil, metade do patrimônio líquido da sigla, o partido da ex-senador Heloísa Helena luta para fechar as contas com a receita operacional de R$ 2,5 milhões. Com o veto às contribuições de grandes empresas, as doações de pessoas físicas quase não chegam à marca de R$ 1 milhão e a sigla é mantida quase unicamente pelo fundo partidário. A maior despesa do partido é com viagens, com gastos de R$ 371 mil.

Rumo ao interior
Os partidos se apressam para inaugurar diretórios municipais para servir de entrepostos político nas cidades do interior. No mês passado, sete partidos inauguraram diretórios em dez estados. Para começar a funcionar, basta estabelecer um escritório pintado com as cores da sigla e um filiado para presidir o diretório. Alguns partidos exigem número mínimo de filiados. Todas as sedes precisam de CNPJ para receber doações.