A pressão do PMDB para ficar com a cabeça de chapa no caso de uma aliança com os petistas em Minas Gerais e a falta de entendimento entre os diretórios regional e nacional sobre o tema devem esvaziar as prévias de domingo, marcadas para pôr um ponto final na briga interna do partido. A proposta da consulta interna é escolher entre o ex-ministro Patrus Ananias e o ex-prefeito Fernando Pimentel quem será o candidato ao Palácio da Liberdade, mas a novela parece estar longe de acabar. O problema é que, diante das informações truncadas entre os dois PTs, o que defende candidatura própria e o que abre mão da vaga para ter o PMDB em um palanque único, grande parte da militância está desmobilizada.
A própria direção do partido em Minas admite a falta de entusiasmo dos petistas para participar das prévias. A expectativa é que o número de votantes diminua cerca de 30% ou até caia pela metade em relação aos que votaram no processo de eleições diretas (PED). Na ocasião, aproximadamente 50 mil eleitores petistas foram às urnas e agora este número deve chegar a um máximo de 30 mil. "Já há um reflexo da militância desanimada, só pela desconfiança de que o PT vai abrir mão da cabeça de chapa. Imagine o que vai acontecer na campanha", afirmou o presidente do PT mineiro, deputado federal Reginaldo Lopes.
O parlamentar usa o fato como argumento para tentar convencer a direção nacional de que, caso o PT não ofereça o nome para concorrer ao governo, a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência no estado pode ser enfraquecida. ;Esta desmobilização pela desconfiança de não termos candidato ao governo é um sinal que reforça nossa tese de que o PT precisa lançar um nome próprio para mobilizar o partido;, afirmou.
As prévias ocorrem contrariando posicionamento da direção nacional do PT, que vem mandando constantes recados aos mineiros. Um eventual impasse em Minas Gerais pode prejudicar nacionalmente o apoio do PMDB à candidatura de Dilma. No estado, os peemedebistas lançaram o ex-ministro Hélio Costa pré-candidato ao governo e o partido vem reivindicando a adesão dos petistas. A eleição de Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, está sendo reivindicada como prioridade para o PMDB.
Problemas Nos grupos de Patrus e Pimentel, ninguém acredita em uma intervenção nacional no PT, embora a direção tenha sido clara ao dizer que tem delegação para resolver os impasses regionais. Os dois pré-candidatos que concorrem às prévias também não falam em desmobilização ou interferência do comando de Brasília. "Não diria desmobilização, pode ser que haja um processo de conhecimento desta realidade", afirmou Pimentel referindo-se ao fato de o PT não ter garantia de que vai encabeçar a chapa com o PMDB.
Já Patrus Ananias acredita em uma boa participação. "Sinto as pessoas, tenho conversado com lideranças, prefeitos, deputados, vereadores e militantes. Da parte deles a adesão é muito ampla", disse. Pimentel criticou o fato de o partido ter que fazer prévias para escolher seu candidato e disse ter tentado um acordo para evitar isso. "Não foi possível e isso diminui o espaço de tempo político. Podíamos estar trabalhando desde outubro, quando a maioria no PED escolheu um grupo para representar o PT", afirmou, referindo-se à vitória de seus apoiadores para comandar o diretório.