Jornal Correio Braziliense

Politica

José Serra e Dilma Rousseff voltam as atenções para alianças com o PP e o PTB em busca de maior exposição na TV

Mas partidos tendem a manter a neutralidade

Devidamente costuradas as principais alianças à Presidência da República, os dois pré-candidatos ao Palácio do Planalto mais bem colocados nas pesquisas, José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), miram agora em duas legendas médias: PP e PTB. O maior atrativo dos dois partidos é o tempo de televisão que cada um vai dispor durante o horário eleitoral gratuito. Juntos, os dois significam mais três minutos à propaganda em rede nacional. As alianças regionais, contudo, devem levar as duas siglas à neutralidade. Somente a governador são 11 pré-candidatos anunciados por PP e PTB (veja quadro).

Embora tenham histórico de participação durante o governo de Lula, PP e PTB flertam com o desembarque no palanque de oposição para as eleições de outubro. Nesta quarta-feira, por exemplo, a direção nacional do PP negou apoio oficial a Dilma Rousseff. O motivo seriam as negociações estaduais. Como a pré-candidatura de Dilma já tem um vice praticamente confirmado ; o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) ;, o cargo pode pender a balança para que o PP apoie Serra.

A indicação natural do partido para a vice do tucano seria o senador Francisco Dornelles (RJ). O acordo, contudo, dificultaria a situação do partido em vários estados, além de colocar em risco o Ministério das Cidades, hoje entregue a Márcio Fortes e responsável por um orçamento de R$ 15,2 bilhões. Entre as duas faturas, o mais natural é que o partido escolha manter-se neutro na composição nacional. ;O caminho do PP é favorecer ao máximo os estados, por isso a neutralidade pode ser o caminho ideal;, pondera o vice-presidente da legenda, o deputado federal Ricardo Barros (PR).

Dono de um tempo de televisão de 1 minuto e 20 segundos, o PP pretende lançar cinco candidatos a governador. Ainda ambiciona aumentar a bancada no Congresso Nacional, onde conta com 41 deputados e um senador. As apostas da legenda para engordar a participação no Senado são Ricardo Barros (PR), Esperidião Amin (SC), Ana Amélia (RS), Benedito de Lira (Al) e Ivo Cassol (RO).

Divisão
Se o PP encontra aparente paz interna, a divisão interna no PTB é bem maior. A bancada do partido, que conta com 22 deputados federais e sete senadores, tende a apoiar a governista Dilma para a Presidência. Do outro lado da mesa, a direção da legenda, capitaneada pelo ex-deputado federal cassado Roberto Jefferson (RJ), pressiona por uma aliança com Serra. No cerne da disputa pelo apoio da legenda está um tempo de televisão de até 1 minuto e 50 segundos.

O partido pretende esticar a corda até o limite das convenções, em junho, também de olho nas alianças regionais. O PTB pretende lançar seis candidatos a governador, além de Romeu Tuma (SP), Luiz Francisco Barbosa (RS), Júnior do Friboi (GO) e Armando Monteiro Neto (PE) para o Senado. Como os candidatos têm alianças divididas entre Dilma e Serra, o partido também flerta com a neutralidade. ;Adotar a neutralidade seria mais vantajoso para os estados. Liberaria a aliança para tomar o melhor caminho, de acordo com a região;, analisa o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).