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Politica

José Alencar conta que quase caiu em golpe do falso sequestro

A ousadia dos bandidos que aplicam o golpe do falso sequestro seguido de tentativa de extorsão chegou à Presidência da República. Criminosos ligaram para a residência do vice-presidente José Alencar na Zona Sul do Rio de Janeiro, no último domingo, e anunciaram que a filha do ;número 1; na linha sucessória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia sido sequestrada. Nervoso, ele chegou a confundir a voz de uma impostora que se passou por sua filha na ligação, e ainda negociou com os bandidos. Os criminosos pediram R$ 50 mil para libertar a suposta filha e Alencar chegou a argumentar que só conseguiria levantar R$ 20 mil, pois estava fora de seu estado de origem. O vice-presidente ainda entrou em contato com um amigo empresário para pedir o dinheiro, mas não entregou aos bandidos.

Ontem, antes de receber homenagem na Câmara dos Deputados, José Alencar relatou os momentos de angústia vividos antes que a família conseguisse entrar em contato com sua filha e averiguasse que tudo se tratava de um golpe. ;O telefone tocou e eu estava em casa sozinho. Era um cidadão dizendo que tinha sequestrado minha filha. Ele a colocou no telefone e eu tinha a segurança que era ela. Ele pediu R$ 50 mil e eu disse que não tinha. Ele perguntou se tinha joias em casa. Eu disse que não. Então ele perguntou: qual a atividade do senhor? Respondi: ;sou vice-presidente da República;;, conta Alencar. Após confirmar o nome do vice de Lula e perceber a enrascada, o bandido encerrou a ligação.

Ainda na tarde de ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Rio confirmou a prisão da mulher que se passou pela filha de Alencar. Ela confessou o crime em depoimento à polícia. Agora, as autoridades fluminenses investigam a participação de um detento no golpe. Apesar do susto, Alencar manteve a firmeza no discurso. ;Papai ensinava que desespero não ajuda, então eu mantive a calma;, disse.

Câncer
A fibra de Alencar, revelada na luta contra o câncer, foi homenageada ontem em sessão no plenário da Câmara. Deputados da base governista e da oposição se revezavam para saudar o vice-presidente. Alencar levou parlamentares e servidores às lágrimas quando relatou histórias de superação em sua juventude. Pediu licença para discursar da tribuna e revelou que chegou a discutir a hipótese de lançar-se candidato à Câmara nestas eleições, mas acabou desistindo da empreitada política para seguir como companheiro de Lula até o fim do governo.

Alencar chorou muito ao lembrar de seu primeiro emprego e dos meses que passou morando no corredor de um hotel, longe da família. ;Isso não me diminuiu em nada, pelo contrário, eu me tornei viável;, discursou o vice-presidente. No momento mais comovente da homenagem, ele contou como sobrevivia com seu salário de 300 mil réis pagando aluguel de 220 mil réis e se orgulhou ao contar que, mesmo com o orçamento apertado, sempre mandava um presente para a mãe. ;Todo os meses eu mandava um presente, mesmo que fosse simples, como um conjunto de sabonetes;