A decisão do PSB de manter ou não a candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República pode não ser tão simples como espera a cúpula do partido. Existem focos de resistência entre parlamentares e em segmentos da legenda, que defendem a manutenção do nome do presidenciável na disputa. Além disso, a executiva nacional, na reunião do dia 27, em Brasília, também deverá ;quebrar a cabeça; com o eventual comprometimento das eleições proporcionais, caso Ciro seja confirmado como pré-candidato à sucessão do presidente Lula (PT).
Nos bastidores, comenta-se que a chance do ex-ministro da Integração Nacional ser candidato à presidência é quase zero. Ciro, ao cobrar pela internet uma definição sobre a sua candidatura, teria irritado os líderes do partido, que agora estariam dispostos a retirá-lo da disputa. Tal decisão encontra respaldo entre os deputados que temem pelos seus mandatos. Segundo o deputado federal Fernando Bezerra Filho (PSB), muitos parlamentares estão preocupados com a possibilidade das coligações entre os partidos serem atingidas.
"Em alguns estados a situação é muito delicada. Tem deputado que foi eleito na coligação com PT, PMDB, e podem ficar sem palanque em seus estados", observou, alertando para risco das bancadas diminuírem em alguns locais. "Mas acho que esse será um dos temas a ser discutido na reunião da executiva", ponderou. Já o deputado estadual Airinho (PSB) defende a tese de manter o socialista na disputa presidencial. "Nós somos solidários a Ciro. É um político experiente. Foi prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro (do governo Lula) e tentou se eleger presidente por duas vezes(1998/2002). Acho que ele merece uma oportunidade", defendeu. Na avaliação dele, o partido precisa crescer. "Além do mais, apesar da liderança de Lula, tem alguns lugares no Brasil onde o PT tem dificuldade de chegar", alertou.
Apoio - Ao mesmo tempo militantes dos segmentos de jovens, mulheres e vereadores do PSB lançaram o Movimento Por um Brasil Socialista com o objetivo detornar público a defesa da manutenção da candidatura de Ciro Gomes. Segundo eles, o PSB tem escopo de ser uma "forte alternativa política no país". Em manifesto divulgado ontem pela internet, eles afirmam que "o sonho não acabou", que são "veementemente" contra à ausência de candidatura à Presidência da República e que não ficarão "inertes" a uma postura diferente deste propósito."
De acordo com o documento, o PSB reúne melhores condições do que tinham o PSDB, em 1994, e o PT, em 2002. Lembram que hoje o partido tem mais governadores, prefeitos e vereadores do que as duas siglas tinham à época. A intenção do movimento é convencer a cúpula socialista a disputar a eleição presidencial, ter candidatos ao governo em todos os estados, para o Senado e chapa completa para deputados estadual e federal. Ontem à tarde, Ciro Gomes colocou em seu Twitter que agradece a mais de três mil mensagens postadas na sua página na internet e diz que "segue lutando".
Alguns deputados podem ficar sem palanque em muitos estados
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