Belo Horizonte - Sem citar o nome de Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República, a senadora Marina Silva (PV-AC), concorrente da ex-ministra da Casa Civil, classificou ontem, em Belo Horizonte (MG), de "oportunista" e de "conveniência" o discurso de campanha que prega o voto no PSDB para governador de Minas Gerais e no PV para o Palácio do Planalto. "Não faço discurso oportunista, de conveniência. O eleitor é livre, vai votar em quem quer, faz a junção que ele quer e é assim que devemos encarar a disputa", afirmou Marina, depois de ser questionada sobre o apoio de parte dos verdes da bancada estadual e federal ao governo tucano mineiro.
"Temos a candidatura do José Fernando. Obviamente o voto não é do Lula, não é do (governador de Minas, Antonio) Anastasia, não é do Aécio (Neves, ex-governador), não é da Marina, não é de ninguém. É do eleitor", afirmou Marina Silva. O posicionamento de Marina marcou um contraponto ao discurso de Dilma. Em campanha por Belo Horizonte, na quarta-feira, a ex-ministra da Casa Civil sugeriu que fosse trocado de "Dilmasia" para "Anastadilma" a denominação daqueles que desejam apoiar a sua candidatura ao Planalto e a do PSDB de Antonio Anastasia ao Palácio da Liberdade.
Em entrevista coletiva, Marina voltou a reconhecer conquistas nos governos de Itamar Franco, hoje no PPS, de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de Lula (PT) e a se colocar como uma candidata que poderá "integrar conquistas", "corrigir erros" e "enfrentar desafios". Marina pregou "um passo à frente" em diversas políticas, inclusive no programa Bolsa Família. "As pessoas não querem depender indefinidamente. Elas querem inclusão produtiva", disse, prometendo qualificação profissional, a exemplo, segundo a candidata verde, do que é feito no Chile.
Alianças
Admitindo não ter conseguido firmar uma política de alianças - o PV tentou conversar com o PSol, mas não alcançou consenso -, Marina Silva voltou a criticar a polarização na disputa presidencial entre o PT e o PSDB, em particular a estratégia retórica da campanha petista, que irá comparar os oito anos do governo Lula com os oito anos do governo FHC. "Estamos vivendo uma coisa que de alguma forma está apequenando nosso futuro. Estão querendo congelar o futuro do Brasil", afirmou.